Mães!

Publicado em 12/05/2024 as 14:29

Olá gente boa,

Na jornada da vida, fui abençoado com a presença de mulheres extraordinárias desde o meu primeiro suspiro. E entre elas, destaca-se minha mãe, Susete, uma força imponente, guerreira e determinada, uma estanciana arretada, que consagrou sua existência ao cuidado incansável de todos nós. Sou o primogênito e único filho, cercado por três irmãs valentes: Ana Susete, Sandra América e Simone Fontes e o irmão de coração e vida de Fabio.

Foi minha mãe quem, com maestria, semeou em mim a paixão pela música. Ela embalava meus sonhos com sua voz doce, inundava a radiola Empire com os discos prediletos e me apresentava aos cantores e suas canções. Ao descobrir que eu soltava a voz na escola, não hesitou em adquirir meu primeiro violão, e matriculou-me no Conservatório de Música, onde tive o privilégio de aprender teoria musical e violão sob a tutela do mestre João Argolo.

O violão que me acompanhou, um Di Giorgio Estudante 18 de 1968, e o contrabaixo Giannini, foram ferramentas que me deram régua e compasso para minhas primeiras composições. No início, surgiram melodias instrumentais, harmonizando canções nos salões e missas da Igreja Salesiano, embalando os flertes ao som das aclamadas músicas da Jovem Guarda, que ela tanto apreciava, e embriagando-me com o rock e as trilhas sonoras dos filmes britânicos, como Jesus Christ Superstar. Uma das canções que minha mãe mais gosta é Gênese composta nesse violão.

Como minha mãe me salvou em tantos momentos! Lembro-me quando ela emprestava seu carro para que eu chegasse rapidamente aos ensaios, ou nos shows pelo interior, onde eu não tinha recursos para pagar dois transportes e usava seu Corsa hatch para levar os instrumentos. Ela também me emprestou dinheiro para pagar os cachês dos músicos quando o estado atrasou os pagamentos. Ela foi essencial para o meu sucesso profissional e minha maior defensora.

Uma passagem interessante me vem à mente. Ela é assistente social e já foi diretora de alguns centros sociais em nossa capital. Em um desses centros, ela trabalhou por vários anos e, como é apaixonada por festas juninas, sempre contratava o mesmo trio de forró para tocar. Um dia, o cantor e dono do trio estava conversando com ela e começou a criticar o coordenador dos festejos juninos do estado, dizendo palavras duras sobre ele por não ter fechado contrato para várias apresentações. Ele não poupou adjetivos negativos. Minha mãe, calma, ouviu tudo e perguntou: “Jovem, o que esse rapaz fez com você? Ele te roubou? Te agrediu? Ofendeu sua mãe? O que exatamente ele fez?” O cantor, meio assustado com o tom de voz dela, respondeu: “Não, na verdade ele até me trata bem, mas deveria ter me contratado para mais shows.” Então, minha mãe o olhou firmemente e disse: “Este ano você não vai tocar. Esse rapaz do qual você tanto falou é meu filho. E, por isso, vou precisar de um tempo para te perdoar.” E ela não o contratou.

O artista veio falar comigo, pedindo desculpas. Eu contei tudo para minha mãe, e ela, me olhando com firmeza, disse: “Você é meu filho, e eu conheço seu caráter, pois fui eu quem te deu à luz. Ninguém vai dizer o contrário.” Suas palavras me encheram de orgulho e gratidão por ter uma mãe tão incrível.

Em outra ocasião, eu estava participando de um festival de música, onde todos os comentários indicavam que a minha música merecia ficar em primeiro lugar. No entanto, para minha surpresa, a jurada deu uma nota zero, alegando que eu havia plagiado o grupo bacamarteiro, que estava no palco tocando e cantando comigo. O que a jurada não percebeu é que a minha música era uma homenagem genuína a eles.

Minha mãe não se conformou com essa injustiça e decidiu tirar satisfações com a jurada, levando consigo o pessoal do grupo. Preocupado com a situação, tive que intervir e pedir que deixassem a jurada em paz. Foi nesse momento que minha mãe, com sua voz firme, disse: “Essa jurada não entende nada, meu filho. Você é o grande vencedor”. Sou verdadeiramente abençoado por tê-la como minha mãe.

Ah, as mulheres, fontes de encanto e inspiração! Muitas das minhas canções são para elas. Neste Dia das Mães, meu abraço se estende a todas, em reverência às que cuidam de mim. Minha mãe Susete, incansável e forte, minhas irmãs Ana, Sandra e Simone, pilares de amor e apoio. Minha esposa Cassia Fontes, que irradia maternidade e avós em igual ou maior medid medida, preenchendo nossas vidas com cuidados, amor e ternura. Minhas filhas Erica, Tatiana e Tassia, notas brilhantes que enriquecem minha sinfonia familiar. Minha neta Hellen, a doce melodia que dá continuidade à nossa linhagem. E Luan, cuja dependência se entrelaça com o afeto dessas mulheres especiais. E assim desejo a todas as mães um ótimo dia e uma vida repleta de alegria. Que o ritmo de suas vidas seja sempre harmonioso e repleto de amor.

*Neu Fontes, cantor e compositor.
Matéria publicada originalmente no blog neufontes.com.br