Aqui de tão longe fico pensando o que podemos fazer para que Aracaju seja feliz. Talvez tenhamos que escolher uma mulher e Aracajuana para tomar conta dessa criança abandonada pela sorte. Só colo de mãe deve fazer melhor. E no seu aniversário só posso lamentar.

Meus sinceros pêsames à nossa querida Capital, Aracaju, pelos seus 169 anos de "brilhante" existência! Uma cidade que ainda busca sua identidade como quem procura a luz no fim do túnel sem lanterna. Ah, que cidadezinha sem rumo, sem chão e sem quem a carregue nos braços com amor materno. Precisa urgentemente de uns gestores que realmente saibam o que estão fazendo, ou pelo menos saibam onde fica no mapa essa tal de "identidade própria".

Aracaju, esse nome que nem rima, nem é rica, mas tem histórias que dariam um livro (ou uma novela mexicana). Uma vida cultural mais conturbada que a mente de um adolescente em crise existencial, povoada por gente de todos os cantos, trazendo suas malícias, desafios e, ocasionalmente, alguma esperança.

Com 169 anos nas costas, já seria hora de saber o que quer ser quando crescer, não é mesmo? Mas não, essa mocinha ainda tá na fase de adolescência rebelde, pensando que sabe tudo mas mal sabe amarrar os próprios sapatos.

E olha só as escolhas da nossa gestão: entre investir em educação, cultura local ou trazer artistas que, provavelmente, mal sabem apontar Aracaju no mapa, preferem a segunda opção sem pestanejar. Temos até uma lista de VIPs: Belo, Ludmila, com mais de um milhão de reais só de cachet. Acho que na próxima lista de convidados teremos até o T-Rex! E o pior é que ainda falta mais: tem show gospel com cachê de fazer até São Pedro abrir um olho!

Seria tão bom se o Ministério Público desse uma olhada nessa farra toda em nome do "desenvolvimento turístico"! Porque, convenhamos, até os turistas estão indo embora com vergonha alheia dessa festança. E não adianta só culpar a prefeitura, o estado também é cúmplice nessa dança dos milhões.

Nossa imprensa? Ah, só elogios! As redes sociais? Divulgação em massa, como se fosse a oitava maravilha do mundo. Mas a realidade é que cada centavo gasto nessa palhaçada só faz uma coisa crescer: a conta bancária dos oportunistas. Como dizia a velha da praça: "Quando não tem gato, o rato é quem manda." E, pelo visto, nossos gestores são especialistas em fazer a festa para os ratinhos.

Olhando aqui de longe a coisa até parece mais fácil, né? Acho que precisamos de uma solução radical: colocar uma "Aracajuana" no comando! Sabe como é, só o colo de mãe pra acalmar esse rebuliço todo.

*Miguel Lins, professor