Aracaju, minha Estrela

Publicado em 17/03/2024 as 09:35

Olá gente boa!

Quem te vê, nunca te esquece. Vive sempre a sonhar. Teus encantos são coisas raras. Onde o poeta vai se inspirar. Atalaia, sob um céu azul. Linda praia, de Aracaju. Teus encantos são preciosidades, fonte de inspiração para os poetas como Antônio Vilela. Minha cidade natal, Aracaju, testemunhou meu nascimento em 30 de Abril de 1960, na maternidade Augusto Leite. Foi aqui que cresci, entre as ruas Divina Pastora e Zaqueu Brandão, compartilhando calçadas e brincadeiras na Praça da Bandeira e no campinho do sítio com amigos como Milson, Marcelinho, Neto, Carlinhos, Lula, Bira, Agnaldo, Ari e outros companheiros. Aqui, roubei meu primeiro beijo, tive minha primeira namorada e aprendi os primeiros passos do amor.

Minha cidade, minha musa, minha tela em branco aguardando minha obra de arte colorida e feliz. Foi em Aracaju que descobri minha paixão pela música, aprendi a tocar instrumentos e a compor canções. Mesmo com rimas nem sempre perfeitas, Aracaju sempre me inspirou. Com ela como musa, compus diversas canções, algumas de saudade, afeto, amor, homenagens e até críticas, refletindo o cotidiano, nossa gente e nossos lugares.

Com parceiros igualmente apaixonados por Aracaju, como Jorge Lins, compusemos “Canção da Cidade”: “Quem te viu como te vi, menina, guarda sempre uma canção. Retrato em preto e branco de um tempo onde o amor era saudade, um vício do coração. Minha Cidade, para te namorar, vou te batizar Aracaju.” Ou como em “Chifra do Prazer”, onde dizemos: “Vem da tribo do Prazer, santo do terreiro de Lê. E com refrão: Quero ver você, Paixão Prazer, enlouquecer Aracaju.”

Com Alexi Pinheiro, em “Pinga de Cajueiro”, encontramos momentos de desabafo nos tempos difíceis: “Pinga de Cajueiro e coqueiral, Moqueca de qualquer coisa tem. Diz que me diz de amor, Pimenta no do outro é flor. A língua grande do pessoal, Carne do sol à beira-mar, Ostra pra chupar, Festival Intelectual, Leve a vida com o sol, meu bem, de Aracaju”. “Mas não deixe se levar, meu bem, em Aracaju.” São momentos em que enfrentamos a subestimação de nossa arte e cultura, especialmente durante as comemorações dos 169 anos da cidade, onde vemos dinheiro público desperdiçado, enquanto nossos artistas recebem tão pouco.

Estamos enfrentando uma batalha crucial entre Cultura e a superficialidade da festa midiática, entre a preservação da Identidade e os influxos da globalização, entre o investimento real e a mera caridade, entre a Seriedade e a Pilantragem. Tentam nos desviar com projetos enganosos que utilizam a gestão pública para angariar fundos eleitorais e enriquecimento pessoal. Minha Aracaju pode ser nova, mas não é ingênua; ela reconhece que a vida exige luta e determinação, e sempre pode dar uma resposta contundente nas urnas eletrônicas.

Não posso deixar de mencionar Alcides Melo, que cantava: “Nas docas do porto, nas bocas de fumo, dos pratos do dia, das feiras de cais, do beco dos cocos, a ponte do Lima, nos mictórios, nos cabarés, o cheiro de povo se grudam nos corpos das prostitutas, das verdureiras, dos biscateiros e carregadores, dos camelôs, da mendicância, e os pombos-brancos são meus irmãos onde eles dormem eu adormeço.” Num céu estrelado, converso com a lua; nas marquises, deito minha alma; nas bancas de peixe e nos talhos de carne, canto meu povo, como fazia Thales Ferraz. Este é um verdadeiro retrato da nossa luta pelo amor à nossa cidade, Viva Aracaju. E eu aqui continuo atento. Na praia de Atalaia, mirando as ondas do mar!

 

* Neu Fontes, cantor e compositor.
* Materia publicada originalmente no blog neufontes.com.br