Polícia indicia e pede prisão de motorista do Porsche pela terceira vez

Publicado em 25/04/2024 as 20:35

Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito do caso do motorista do Porsche e pediu, pela terceira vez, a prisão de Fernando Sastre de Andrade Filho, indiciado por homicídio por dolo eventual, lesão corporal e fuga do local do acidente.

No dia 31 de março, Fernando atropelou e matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana enquanto dirigia o veículo a 156 km/h na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Após o acidente, Fernando foi retirado pela mãe da cena do crime, com aval da Polícia Militar, sem realizar o teste do bafômetro e prestar socorro à vítima.

A polícia já havia enviado dois pedidos de prisão (temporária e preventiva) à Justiça, que negou as solicitações. O pedido dessa vez também é para prisão preventiva para o empresário. O delegado responsável pelo inquérito justificou o terceiro pedido como garantia da ordem pública. Segundo ele, esse tipo de crime causa muita comoção popular e precisa ser punido exemplarmente.

Além de Fernando, sua mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, também foi indiciada como coautora pela fuga do local do acidente. Ela havia retirado Fernando do acidente afirmando que o levaria ao hospital, antes mesmo dele realizar o teste do bafômetro. No entanto, nenhum dos dois compareceu ao local. Além disso, ela não retornou as ligações da polícia.


O teste do bafômetro permitia identificar se Fernando havia bebido antes de dirigir. No entanto, o relato do carona, Marcus Vinicius Machado Rocha, que também ficou ferido no acidente, afirma que o motorista tomou 9 drinks antes de dirigir. Além disso, a comanda do estabelecimento confirma o consumo. Ao todo, Fernando, a namorada e amigos gastaram mais de R$ 600 em comidas e bebidas.

Agora, o inquérito segue para avaliação do Ministério Público (MP), que poderá denunciar Fernando pelos três crimes. A Promotoria também irá opinar sobre o novo pedido de prisão. Em seguida, o inquérito segue para a Justiça que dará a palavra final.

Câmeras mostram PM liberando Fernando

Imagens das câmeras corporais dos policiais que atenderam à ocorrência do acidente reveleram que os agentes da PM realmente liberaram Fernando da cena do crime antes de realizar o teste do bafômetro.

Na gravação, Daniela fala aos policiais que vai levar Fernando com urgência ao hospital. O PM então responde "pode ir lá" e libera os dois da cena do crime. O policial apenas pergunta para qual hospital Daniela vai levar o motorista, e ela responde que o levará ao "São Luiz".

Em seguida, quando estão deixando o local, outros agentes se dirigem a Fernando e perguntam se ele era o condutor do carro. Daniela então responde que eles não precisavam ficar no local e afirma que já passou as informações a outro policial. Os PMs coletam algumas informações de Fernando, mas ainda assim não realizam o teste do bafômetro e o liberam.

PM: "Conta pra mim o que aconteceu, Fernando?"
Fernando: "Eu estava com o Marcus, a gente estava voltando para casa e aí aconteceu um acidente horrível, foi isso".
O PM também pede para que Fernando leia as informações coletadas pelo outro agente. É possível perceber que o motorista tem uma voz arrastada.

PM - "Lê o que você me disse e ver se é isso mesmo para você assinar".
Fernando - "É isso".
PM - "Tá. Você vai assinar com o seu dedo aqui, ó".
Daniela - "Pode ir agora?".
PM - "Pode, pode ir lá".
Daniela - "Muito obrigada".
PM - "Nada".