Um erro médico grosseiro ocorrido em Campina Grande, na Paraíba, ganhou as manchetes dos jornais de todo o país nesta sexta-feira (26) pela conduta irresponsável e desleixada da equipe profissional que conduziu o procedimento. Uma menina de 6 anos, que sofria com uma grave celulite infecciosa na perna esquerda, que foi investigada por meses até ser corretamente diagnosticada, teve a perna direita operada pelos cirurgiões do Hospital de Emergência e Trauma da mais populosa cidade paraibana, que instalaram um fixador externo (gaiola) no membro saudável da criança.

Na noite de quinta-feira (25), a mãe da menina relata que a filha precisou dar entrada no Hospital Universitário de Campina Grande devido a um agravamento de sua doença, o que levou os médicos a transferirem-na em caráter de urgência para o Hospital de Emergência e Trauma, visto que uma cirurgia complexa e muito invasiva precisava ser realizada. Quando a criança saiu da sala de operação, a mãe ficou revoltada e desesperada com o que viu.

A perna que tinha a celulite infecciosa estava do mesmo jeito e sem qualquer sinal de intervenção cirúrgica, enquanto o membro sadio, do outro lado, estava totalmente enfaixado e com um grande fixador metálico externo implantado.

“É de se imaginar o quão de sofrimento para a família e para essa criança toda essa situação. Uma sensação de desamparo total, uma sensação de descrédito total com o cuidado”, disse revoltada a tia da paciente, Cristina Costa.

A família relata que foi um processo longo e difícil até a descoberta da doença que acometia a pequena, que já tinha passado por um procedimento cirúrgico há meses para a retirada de um trombo formado na perna. Duas semanas após a operação ela precisou ser internada por apresentar novamente fortes dores na região, permanecendo por quase 60 dias internada, momento em que o quadro foi corretamente diagnosticado como celulite infecciosa.

Após a mãe gritar para os profissionais de saúde que a filha tinha sido operada no local errado, os médicos levaram a criança de volta para a sala de cirurgia para reverter o quadro, retirando o fixador da perna sadia e o colocando na outra que apresentava problema.

“Fica uma grande reflexão para a gente. Que saúde é essa que nós temos? Que qualidade de serviço é esse que está sendo oferecido para a gente?”, protestou ainda a tia.

Os responsáveis pelo erra crasso foram imediatamente afastados de suas funções e o diretor técnico do Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, Flávio Daniel, garantiu que o caso foi encaminhado para o Núcleo de Segurança do Paciente e pela Comissão de Ética Médica da unidade pública de saúde. Ele disse ainda que a criança receberá toda a assistência e atenção necessárias para se recuperar bem da doença e do erro cometido.