Luislinda deixa Ministério de Direitos Humanos; citado em inquérito

Publicado em 20/02/2018 as 11:07

Desgastada desde que pediu acúmulo salarial que lhe renderia mais de R$ 60 mil mensalmente, a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, resolveu nesta segunda-feira (19) colocar o cargo à disposição do presidente Michel Temer.

Ainda não há explicações sobre o motivo do pedido de exoneração, já confirmado pelo Palácio do Planalto. Desembargadora aposentada, Luislinda estava no governo desde 3 de fevereiro de 2017 e, com sua saída, o PSDB, que já esteve no comando de quatro pastas do governo Temer, passa a ter apenas uma (Aloysio Nunes, nas Relações Exteriores).

Assessoria de imprensa da Presidência da República se limitou a informar que o posto será temporariamente ocupado pelo subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha. Assim, Gustavo passa a acumular duas funções e garante o direito ao foro privilegiado, ao menos enquanto estiver à frente da pasta. Ex-advogado do deputado cassado e preso Eduardo Cunha (MDB-RJ), o assessor foi citado em inquéritos que envolvem Temer e peemedebistas de alta patente. Um deles diz respeito ao chamado Decreto dos Portos, por meio do qual Temer teria recebido propina para favorecer a Rodrimar, concessionária do Porto de Santos, e outras empresas do setor.

A exemplo do ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Luislinda Valois foi beneficiada pela medida provisória editada em maio por Temer para dar, entre ouras providências, status de ministério à secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, órgão então vinculado ao Ministério da Justiça. O texto – que quase foi derrubado na Câmara, em 26 de setembro, após uma rebelião circunstancial da base aliada – foi definitivamente aprovado pelo Senado em 4 de outubro e também conferiu foro privilegiado a Moreira, a exemplo de Temer apontado como membro do “quadrilhão do PMDB”.

Além de Luislinda, já haviam deixado o governo Temer os deputados tucanos Antônio Imbassahy (BA) e Bruno Araújo (PE), que deixaram a Secretaria de Governo, que tem status de ministério, e o a pasta das Cidades. Aloysio Nunes já avisou que pretende continuar no cargo mesmo depois do desembarque do PSDB da gestão emedebista.