Em audiência com esposa, acusado no caso Marielle cita outro delegado ‘sem querer’

Publicado em 28/03/2024 as 21:19

Um dos acusados de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, teria protagonizado uma situação insólita na tarde de quarta-feira (27) durante uma audiência por videochamada na Vara Especializadas em Organizações Criminosas do TJ-RJ. O ex-bombeiro Maxwell Corrêa, o Suel, que estaria sendo ouvido simultaneamente com outros dois executores do duplo homicídio, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, ganhou o direito de falar rapidamente com a esposa, Aline Siqueira. As informações são do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

O juiz da sessão, atendendo ao pedido da mulher, que alegou não falar com o esposo havia muito tempo, liberou o casal para dialogar por no máximo 15 minutos, mas na presença de todos que estavam na sala, ou seja, do próprio magistrado, dos promotores e dos advogados. Apenas Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram deixados de fora.

Assim que o diálogo começou, após uma troca de perguntas óbvias, como “você está bem?”, Aline comunicou a Suel que “houve uma operação da PF no domingo”, ao que o acusado teria reagido perguntando quem tinha sido preso.

Com semblante de surpresa, Suel teria perguntado, então: “E o delegado Daniel Rosa?”

Diante da negativa da mulher na resposta, o ex-bombeiro questionou:

“Então ele fugiu, né?”

A conversa foi imediatamente encerrada pelo juiz e muitas dúvidas teriam ficado no ar desde então. Daniel Rosa foi o responsável pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro de 2019 até 2020 e foi um dos delegados que atuaram nas investigações do crime contra Marielle. O nome dele, no entanto, sequer é ventilado no relatório de mais de 400 páginas da Polícia Federal divulgado no último fim de semana, que culminou com as prisões dos suspeitos de serem mandantes do duplo assassinato.

Não se sabe se a pergunta teria colocado mais uma autoridade no rol dos suspeitos, de maneira não intencional, ou se o intuito era propositalmente colocar o nome de Rosa no meio da investigação, ainda que ele nada tenha a ver com o caso.