A selfie da eleição

Publicado em 30/05/2024 as 14:45

Pegue seu chapéu de palha e prepare-se para um passeio pela trilha sonora eleitoral de Aracaju. Entre o forró da zabumba e os fogos de artifício dos busca-pés, nossa querida cidade se prepara para uma nova eleição municipal. A expectativa é que desta vez uma mulher assuma o Paço de Inácio Barbosa. Entre os acordes do zabumbeiro Edvaldo e os resmungos do reclamista dos famosos Cauê, tudo estava pronto para lançar o "pesadão" Luiz de Theo. Eles juravam que a cidade inteira dançaria conforme a batida da zabumba.

Mas, ah, os novos ritmistas! Cheios de esperteza, esses lobos vorazes da nova alcateia política do estado não deixaram barato. Alcateia é um termo apropriado, afinal, esses garotos estão famintos pelo poder, cada um com seu objetivo pessoal. A jogada de marketing deles? Está na hora de uma mulher no comando da prefeitura. Concordo totalmente! Já estamos cansados de tanto marmanjo mandando. Mas será que esses machos alfa realmente querem dar espaço para as mulheres ou é só um golpe publicitário, achando que podem manipulá-las? De verdade, espero que quem for eleita faça uma gestão transparente e honesta, algo que seria bem-vindo também na minha querida Itabaiana. Vamos trocar a testosterona pela progesterona. Aposto que teremos mais paz e uma visão de futuro melhor.

Mas, voltando à capital, temos nada menos que seis pré-candidatas: Yandra Moura, Emília Correia, as delegadas Danielle Garcia e Katarina Feitosa, Niully Campos e Candisse Matos. E três homens na disputa: Fabiano Oliveira, Luiz Roberto e Valadares Filho, ressurgindo das cinzas como uma fênix.

Dizem que a favorita é Emília Correia, destacando-se nas pesquisas. Não desmerecendo a pré-candidata do Sítio do Pica Pau, até eu sairia bem se fosse o único nome confirmado. Emília, uma candidata de direita que nunca foi extremista, tenta se distanciar do Bolsonarismo, que hoje representa a extrema-direita e a insanidade que tomou conta de muitos. Eu, sinceramente, não sairia de onde moro para votar em qualquer candidato apoiado por esses "trogloditas".

Yandra Moura, neta de Reinaldo Moura e filha de André Moura, tinha a missão de melhorar a imagem do pai na capital. E conseguiu! Tornou-se a pré-candidata mais leve e carismática, uma verdadeira gente boa, como seu avô. Inteligente, alegre e atenciosa, faz uma pré-campanha próxima à população, algo que muitos políticos modernos desaprenderam. Só não sei como a escolha de seu vice, um ex-governador mal-humorado e sem carisma, pode afetá-la. O que faz um ex-governador se sujeitar a ser vice-prefeito de uma jovem? Parece uma mala sem alça para carregar.

As delegadas, Daniela e Katarina, se iludem com as promessas dos mandatários de plantão. Daniela, com seu marketing de durona, quer prender e arrebentar, mas me parece doce e educada. Só precisa se afastar do delegado senador que muda de lado como quem troca de camisa. Katarina é inteligente e capaz, mas parece leal demais. Na política, é preciso ter asas para voos próprios.

Niully Campos tem um bom discurso, mas talvez devesse começar na câmara de vereadores. Candisse Matos, pouco conhecida, parece ser um capricho do Senador das emendas secretas. Entre os homens, temos Fabiano Oliveira, o mais conhecido, e Valadares Filho, tentando unificar as esquerdas. E claro, o "pesadão" Luiz de Theo, apoiado por Edvaldinho Zabumbeiro.

Já o menino Fabinho Festidieri que só está preocupado com seus 60 dias de festejos juninos e como gastar 100 milhões neles. Só vai mesmo se decide depois do casamento caipira ou da última rebolada ao som do piseiro dos arrais do País do Forró.

E assim seguimos, entre danças, fogos e promessas, esperando que Aracaju encontre sua nova líder. Quem sabe, dessa vez, com mais visão de futuro e menos testosterona? Vamos ver se a zabumba vai ditar o ritmo ou se a cidade terá um novo som para seguir.

* Miguel Lins, professor