Bolsonaro e as joias: PF envia equipe aos EUA para investigar transações junto ao FBI

Publicado em 14/04/2024 as 09:52

A Polícia Federal (PF) deve enviar, ainda neste mês de abril, uma equipe aos Estados Unidos para avançar na investigação sobre a apropriação indevida que Jair Bolsonaro fez de joias e outros artigos de luxo dados como presente ao Estado brasileiro por governos de outros países em viagens oficiais. As informações são da Folha de S. Paulo.

A ideia dos investigadores da PF é obter mais detalhes sobre as transações financeiras supostamente feitas nos EUA, no âmbito do esquema, pelo ex-presidente, seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid.

Segundo a apuração feita até o momento, o ex-mandatário e sua esposa, Michelle Bolsonaro, entraram no país da América do Norte em dezembro de 2022 com joias milionárias dadas pelo governo da Arábia Saudita, sendo que algumas delas teriam sido vendidas.

As diligências da PF nos EUA serão feitas junto ao FBI, que colabora com a investigação brasileira.

Cooperação do FBI

Em outubro de 2023, o Departamento de Justiça dos EUA, sediado em Washington, acolheu integralmente um pedido que havia sido feito pela Polícia Federal (PF) brasileira solicitando colaboração policial para apurar os supostos crimes cometidos no país da América do Norte por Jair Bolsonaro no âmbito do caso das joias. Desta forma, o FBI também passou a investigar caso.

A partir desta autorização do Departamento de Justiça dos EUA, o FBI vem investigando os crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de valores, apropriação indevida e falso testemunho supostamente cometidos por Jair Bolsonaro e pessoas próximas ao ex-presidente, como o tenente-coronel Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid — apontado como um dos integrantes do esquema que negociou a venda de artigos de luxo nos EUA.

Segundo investigações da PF, Jair Bolsonaro se apropriou ilegalmente de presentes dados por autoridades estrangeiras ao Estado brasileiro e vendeu parte deles nos EUA. Entre os artigos de luxo alvos da investigação, estão estatuetas, relógios e jóias.

O pedido de colaboração feito pela PF à Justiça dos EUA prevê quebras de sigilos bancários dos investigados; diligências em joalherias na Florida, Nova York e Pensilvânia; levantamentos de dados sobre imóveis e depoimentos de testemunhas e de suspeitos de envolvimento no esquema.

Operação Lucas:12

A escândalo do esquema de venda de artigos de luxo nos EUA veio à tona a partir da Operação Lucas 12:2, realizada pela Polícia Federal em agosto deste ano, com mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os alvos, todos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, são suspeitos de terem se apossado de bens valiosíssimos do Estado brasileiro, dados por autoridades estrangeiras, que estariam sendo vendidos no exterior para que o dinheiro fosse entregue ao ex-ocupante do Palácio do Planalto.

Os federais o acusam explicitamente nos autos de fazer parte e ser o principal beneficiário de uma organização criminosa que desviava objetos valiosíssimos da Presidência da República, que eram contrabandeados para o exterior, para então serem vendidos e os valores repassados em espécie ao político de extrema direita habituado a um discurso duro anticorrupção e moralista. A ida dele para os EUA, em 30 de dezembro de 2022, ainda no cargo, teria sido para utilizar o avião presidencial no esquema, apontam os documentos do inquérito.