Numa terra distante, onde os raios do sol dançavam entre as árvores do nordeste e muitos cajueiros e papagaios, existia um reino habitado por uma variedade de animais. Este reino era governado por um Leão Rei, cuja bondade e poder eram reconhecidos por todos os habitantes do reino animal. Entre eles estavam burros, jegues, pacas, antas, galinhas, perus, veados, patos, cavalos, vacas, onças, ovelhas, camelos e até uma família de elefantes, que, embora pequena, era muito respeitada.

A vida no reino prosperava, com o Rei Leão adotando uma abordagem democrática ao governo, permitindo que diferentes animais ocupassem cargos de liderança. Assim, tivemos um veado como governador, um pato como prefeito, uma preguiça como deputado, um burro como vereador, um papagaio como juiz e uma anta como desembargador.

Certo dia, um boi preto jovem, forte e cheio de charme, surgiu nos pastos do reino. O Rei Leão, intrigado, convocou o jegue para trazer o boi até ele e perguntou qual era a intenção daquele recém-chegado. O boi respondeu que desejava uma oportunidade para governar o reino. Embora inicialmente hesitante, o Rei, aconselhado pelo jegue, decidiu dar uma chance ao boi preto, impressionado por sua simpatia e juventude.

Com o apoio do jegue, o boi preto começou a governar o reino de forma eficiente. Ele trouxe outros bois pretos para ajudá-lo, seguindo o ditado "Boi preto só anda com boi preto". Infelizmente, ele abandonou seu primeiro aliado, o jegue, e se concentrou em promover seus próprios interesses, organizando festas e arrecadando fundos para seu grupo.

O boi preto Tinto, trazido da capital, foi colocado no departamento de saúde animal e, com sua sabedoria, ajudou a melhorar as finanças do grupo. No entanto, suas ações começaram a causar problemas, especialmente quando ele entrou em conflito com o Rinoceronte Coração Valente, que defendia a criação de um grande hospital veterinário.

Enquanto isso, o Rei Leão observava de longe, sabendo de tudo o que acontecia em seu reino. Ele permitiu que o boi preto enfrentasse os problemas que ele mesmo criou, esperando pacientemente pelo momento certo para agir. Como todo bom rei, ele esperaria até que o boi preto se cansasse e seus chifres enfraquecessem.

E assim, quando o momento chegar e vai chegar, o Rei Leão dará o bote final, acabando com a tirania do boi preto e restaurando a paz e a harmonia no reino dos animais. A lição a ser aprendida era clara: a ganância e a arrogância podem levar à queda, enquanto a paciência e a sabedoria sempre triunfam no final.

* Lobato de Assis, professor