Elon Musk surta, diz que Moraes deveria ser julgado 'por seus crimes' e ataca Lula

Publicado em 10/04/2024 as 09:49

O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), decidiu dobrar a aposta após ameaçar e atacar o judiciário brasileiro. Nesta segunda-feira (8), um dia após ser incluído como investigado no inquérito das fake news pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário que já assumiu ter patrocinado um golpe de Estado na Bolívia reforçou os ataques ao magistrado e questionou a legitimidade da eleição que alçou presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto.

O megalomaníaco que nasceu na África do Sul, ficou com o apartheid e hoje vive nos EUA fez uma sequência de publicações na rede X em sintonia com bolsonaristas. Musk chegou a dizer que Alexandre de Moraes cometeu crimes e que o ministro deveria ser julgado.

"A lei se aplica a todos, incluindo Alexandre de Moraes. Ele deveria ser julgado por seus crimes", escreveu Musk ao compartilhar uma publicação do deputado bolsonarista Marcel Van Hattem (Novo-RS).

Em outras postagens Elon Musk disse que Moraes conseguiu se tornar um "ditador" no Brasil ao manter Lula "em uma coleira" e, entre outros impropérios, que o ministro do STF "tirou Lula da prisão e colocou o dedo na balança para eleger" o atual presidente - sendo que Moraes não teve qualquer interferência na decisão do STF que anulou as condenações contra o mandatário.

"Brasil não se curva"
Apesar das ameaças feitas pelo bilionário Elon Musk ao judiciário brasileiro, o país não vai se curvar a "interesses privados internacionais". É o que sustentou, em entrevista à Fórum, a jornalista Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da internet no país.

Nos últimos dias, o empresário tem se somado à extrema direita brasileira na tentativa de desqualificar a Justiça do Brasil e vender a ideia de que há uma "ditadura judicial" no país. Musk provocou o ministro Alexandre de Moraes e prometeu reativar contas de extremistas que haviam sido bloqueadas por ordem do magistrado, após recorrentes episódios de divulgação de fake news e discurso de ódio. Esses extremistas alvos do STF são investigados como membros de milícias digitais, no âmbito do inquérito das fake news.

Segundo Renata Mielli, a decisão de Elon Musk no sentido de engrossar o coro da extrema direita contra a Justiça do Brasil faz parte de uma estratégia que consiste em "minar a confiança e a credibilidade das iniciativas internacionais que estão relacionadas à regulação das plataformas digitais e ao enfrentamento à desinformação, ao discurso de ódio e a conteúdos que atacam a integridade de processos eleitorais em vários países do mundo".

Renata Mielli afirmou ainda, em entrevista à Fórum, que Elon Musk "deixa explícito o seu desprezo à observância das regras e das decisões tomadas no âmbito dos vários países, particularmente no caso do Brasil, atacando nossa soberania e nossa autodeterminação".

A coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil garante que o país não se submeterá às imposições de Musk em detrimento da legislação brasileira, classificando sua tentativa de intervenção como "grave".

"O Brasil não se curva a interesses privados internacionais como esses que o Musk representa e nós não vamos nos deixar intimidar por um empresário que, de forma jocosa, ataca as nossas instituições e se nega a responder às autoridades brasileiras, à legislação nacional que está acima dos interesses de uma empresa como o X do Elon Musk".