Orlando Curicica: Miliciano faz revelação que complica ainda mais o delegado Rivaldo Barbosa

Publicado em 28/03/2024 as 23:27

Preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), de segurança máxima, o miliciano Orlando Curicica fez uma revelação em depoimento dado ao Ministério Público do Rio de Janeiro que irá complicar ainda mais a vida do delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil fluminense e apontado pela Polícia Federal como um dos articuladores dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes.

A revelação foi feita na última quarta-feira (27) pelo jornalista Rafael Soares, no jornal O Globo. O profissional obteve uma cópia do depoimento.

Ao MP-RJ, Curicica revelou que foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Civil em 2013 que encontrou, em sua casa, uma arma irregular. Como o miliciano não estava presente, sua esposa acabou acusada do crime.

A seguir, Curicica revelou que Rivaldo chefiava a investigação à época e que sua equipe pediu uma propina de R$ 20 mil para liberar a mulher da acusação. O miliciano então chegou a vender um carro, mas só obteve R$ 18 mil, que repassou aos policiais. “Ele nunca mais mexeu no inquérito”, revelou.

O depoimento não tem relação direta com o assassinato de Marielle Franco. No entanto, se refere a um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) aberto em 2018 que apura casos de corrupção na Delegacia de Homicídios, onde Rivaldo já trabalhou.

Além desse episódio, Curicica também disse que havia um “sistema de pagamentos mensais” em que as milícias compravam as delegacias. A Divisão de Homicídios, chefiada por Rivaldo Barbosa à época, levantaria de R$ 60 mil a R$ 80 mil a cada mês.

Orlando Curicica é ex-PM, integrante de milícias cariocas e chegou a ser apontado por uma falsa testemunha implantada pelo clã Brazão, ao lado do ex-vereador Marcello Siciliano, como um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco.

No entanto, após a delação premiada de Ronnie Lessa, o ex-PM e miliciano que confessou ter efetuado os disparos contra Marielle, Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa foram formalmente acusados de serem os mandantes do crime e estão presos desde o último domingo (24).

Rivaldo Barbosa tornou-se o chefe da Polícia Civil às vésperas do crime. Foi nomeado pelo general Walter Braga Netto que chegou a ser alertado pelo MP-RJ sobre suas relações promíscuas com as milícias. Segundo o alerta, era justamente essa relação com as milícias que teria conferido números fora de realidade ao patrimônio pessoal do delegado. Barbosa foi o apontado como o responsável para que o crime ficasse sem solução enquanto esteve à cargo das autoridades estaduais.