Chamego Bom é Aqui!

Publicado em 04/05/2024 as 10:52

Olá, gente boa!

O que é Forró? Alguns dizem que é uma expressão artística genuinamente nordestina, que pode designar ritmo, dança e festividade. Câmara Cascudo sugere que a explicação mais provável seja uma derivação do termo “forrobodó”. Já os galego-portugueses dizem “forbodó”, originado a partir da palavra francesa “faux-bourdon”, que pode significar “desafinação”, assim não representaria a música. Para outros, sem nenhuma comprovação histórica, dizem que vem do inglês o termo “for all”, que quer dizer “para todos”, e aqui virou Forró.

Prefiro essa explicação, pois a festa é para todos, que, com sua tradição, trazem no sangue a vontade de festejar a vida, de celebrar os Santos Juninos, o plantio e a colheita do milho, de se alegrar e alegrar a todos. Assim, concluo que Forró não é nada, mas é tudo, simples assim, e por isso forró é: Alegria, dança, poesia, do povão. É xote, xaxado, arrasta-pé e baião. É fogueira, milho verde, canjica e quentão. É história, barco de fogo, buscapé, é tradição. É Erivaldo, Clemilda, Luiz Paulo, e o Rei do Baião. É cores de Felix, Joel, e Jo’k retratando o festão. É a casa da avó, da mãe, do vizinho e do irmão. E no País do Forró, quem não brinca, ou tá morto ou na prisão.

Sou doidinho pelos festejos juninos e acredito de verdade que o nosso Sergipe é de fato o País do Forró, o país da festa, que cabe todo mundo. O problema é que cada vez mais estamos sem espaço para os nossos. E um país sem identidade e sem os seus para defendê-lo, fica um país sem memória e sem dono.

Somos o país da felicidade dos festejos juninos, um país que comemora em seus 75 municípios uma tradição secular. Somos um país do bem. Claro que somos do nordeste, e nos orgulhamos disso, mas a nossa tradição foi construída nas fogueiras, busca-pés e Barcos de Fogo. No mastro de Capela, Pisa-pólvora e Batucadas de Estância, Batalhões e Samba de Pareia de Laranjeiras, Langas de São Cristóvão, Bacamarteiros de Aguada e General Maynard. Na afinação da sanfona de Luiz Gonzaga em Itabaianinha a Rosinha de Propriá, nas letras de Raimunda, as canções de Ismar, nas sanfonas dos Cariras e no canto do Passarada, a Clemilda de Gerson Filho, Robertinho e Correia nos oito baixos a tocar. Da sombra da Jaqueira com Josá a cantar, e Rogério com seu hino fez o povo se orgulhar, Sergipe é o País do Forró.

Ninguém tem o que temos, uma marca consolidada, somos o País do Forró. A terra que sabe receber, dividir, acarinhar, festejar, comemorar, agregar e abraçar. Só precisamos nos respeitar e aprender a nos mobilizar na defesa do nosso pessoá.

* Neu Fontes, cantor e compositor.
Matéria publicada originalmente no blog neufontes.com.br