Valha-me, Nossa Senhora!

Publicado em 07/08/2024 as 12:17

Ao me despedir da nossa querida capital, fiz uma última parada na orla de Atalaia antes de enfrentar um voo exaustivo de quase 12 horas para retornar ao sudeste do país. Enquanto observava a desmontagem do Arraiá do Engana Povo, notei que o Circo dos Horrores da eleição já começava a ser montado. Um circo sem lona, sem teto, sem palhaços e domadores, apenas ilusionistas e mágicos de quinta categoria tirando da cartola promessas mirabolantes e milagres ilusórios para enganar o eleitor cada vez mais desqualificado e idiotizado. Cada candidato se esforça para parecer o mais simpático, competente e, principalmente, o mais blogueiro, falador, honesto e trabalhador.

Como avaliar esses candidatos que prometem nos governar por pelo menos quatro anos? Fábio Mitidieri, Edvaldo Nogueira, Laercio Oliveira e seus aliados juntam forças para manter o controle do poder, com apoio do comércio, indústria, desafetos como Jackson Barreto, Valadares e Valadares Filho, a construção civil, empresas de transporte, a igreja e os festeiros de plantão, todos para votar na Dupla Luiz & Fabiano.

Do outro lado, o todo-poderoso André Moura, com seus mil pastores e dezenas de vereadores, e a mala sem alça Belivaldo, um peso para qualquer candidatura. Com muita bala na agulha e a filha Yandra, André segue o manual da oligarquia familiar. Será que ele rompe com os aliados ou apenas joga o jogo do poder, para pular de fase na proxima?

Do Sítio do Pica-Pau surge a candidata do Pato, do Bozo e dos Amorins, Emília Correia, mais perdida que a boneca de pano que lhe dá nome. Como diz o delirante João, uma bolsonarista de fachada que não assume sua trupe imunda, o que até é uma coisa boa. Mas, se não assume, o que faz no PL ao lado dessa gente?

O PT, partido do Presidente Lula, em Sergipe é comandado pelo Senador Galã Rogério. Ele lança sua esposa Candisse, repetindo a velha fórmula da oligarquia familiar que tanto criticaram. Agora, Rogério se junta a qualquer tipo de gente para garantir sua reeleição, até coligando com o PL do Mito. Vai longe esse partido? Acho que não.

Das entranhas do poder policial, ressurge a Delegada que nunca foi do amor, Daniele que combateu esses grupos políticos, prendeu, arrebentou e depois se uniu a eles. Foi até secretária de estado e agora aparece de novo como defensora dos frascos e comprimidos. Quem acredita?

O PSOL, com sua soberba esquerdista radical, lança a candidatura de Niully, isolada por uma tendência, ignorando decisões históricas do Diretório Municipal. Deixam de lado a candidata mais forte, a Deputada Linda Brasil, e perdem a oportunidade de fazer três vereadores: Niully, Iran Barbosa e a reeleição de Sônia Meire. Sônia, que indicou seu filho para vice na chapa de Niully. Olhe aí a oligarquia familiar funcionando com força na esquerda.

Ainda temos o Novo do Novo, partido de João Amoêdo, que lança José Paulo, procurador do estado e ex-delegado da Polícia Federal, um bolsonarista com histórico de combate a crimes ambientais e contra o patrimônio histórico – sempre na pauta de destruição do ex-presidente inelegível.

Quem poderá nos salvar? Nem o Chapolin Colorado! Só nos resta pedir ajuda a João Grilo e Chicó, e repetir seus versos:
“Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher. Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré!” Acuda minha cidade, pra se manter em pé


Miguel Lins, professor