Mestre Alvino

Publicado em 19/02/2024 as 08:56

Olá, Gente boa,

Meu primeiro professor de violão foi o professor Argollo, que também foi o mentor de diversas gerações de músicos e professores de violão em Sergipe. Baiano de nascimento, João Pires Argollo estabeleceu-se em Sergipe e tornou-se um grande amigo do meu avô, José Domingues. Ele foi o fundador da cátedra de violão no Conservatório de Música de Sergipe, presidiu a Ordem dos Músicos no estado e representou Sergipe em seminários internacionais de violão. O Professor Argollo teve a oportunidade de tocar ao lado de renomados nomes da música popular brasileira, como Carmen Miranda, Dorival Caymmi, Silvio Caldas, Agnaldo Timóteo, Ângela Maria, Altemar Dutra, entre outros.

João Argollo deixou um legado significativo na cena musical sergipana, mas o mais importante foi ter proporcionado à sua família uma inclinação musical marcante. Três dos seus filhos, João Pires Argollo Filho, Eliana Argollo Quezada e Antônio Alvino Argollo, herdaram o talento do pai, tornando-se figuras proeminentes na música brasileira, tanto como músicos quanto como professores. Além de Waldir Argollo grande musico que não seguiu carreira. João Filho, além de compositor, é um virtuoso violonista e professor universitário em São Paulo. Eliane atua como professora de música na Escola Valdice Telles, enquanto Alvino Argollo, renomado compositor, ocupou a cátedra de violão no Conservatório de Música de Sergipe, presidiu a Ordem dos Músicos no estado e lecionou Colégio de Aplicação da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, no Instituto de Educação Rui Barbosa e no Instituto Federal de Sergipe. Graduação em Violão pela Faculdade de Música Augusta de Souza França e Mestre em Ciência da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

Tem trabalhos importantes na literatura musical, livros e artigos: Memória Musical de Sergipe: Pequenas Biografias dos Compositores. Coletânea de Obra FEIJÓ; Arte de ouvir música; Ausência da música no processo educativo; No Mundo da Música / Villa-Lobos: O descobridor do continente musical brasileiro; A música agoniza. Conservatório de Música (3): Uma Proposta em discussão entre outros.

Conheci Alvino quando ainda era jovem, por intermédio de seu pai e do meu avô José Domingues, que tinha grande apreço por ele. A relação paterna entre Alvino e meu avô despertava ciúmes em alguns filhos, mas a reciprocidade era verdadeira. No entanto, meu contato mais próximo com esse talentoso músico ocorreu durante nossa colaboração para mudar o conceito e a administração da Ordem dos Músicos de Sergipe. Participamos de uma mobilização bem-sucedida que resultou na eleição de Alvino Argollo como presidente da instituição. Posteriormente, tive o prazer de trabalhar com ele na FUNDESC – Fundação Estadual de Cultura, quando foi convidado pela Professora Maria Eugenia Teixeira para assumir a Diretoria Técnica. Fui seu assessor durante cerca de um ano, período em que ele entregou o cargo por razões pessoais, proporcionando-me a oportunidade de assumir meu primeiro e importante cargo na gestão da cultura.

Participei ativamente da gravação de seu primeiro CD, “Alvino Argollo – Composições e Violão – Nordestinadas Brasileiras”, lançado em 1995 nos estúdios A.V. Produções, hoje Estúdio 3. O álbum contava com 14 composições, todas de Alvino, incluindo “Rio Baixo”, “Nas Grutas de Angico”, “Pé-de-Serra”, “Toada de Saudade”, “Retirantes”, “Banguê”, “Tema do Chapéu de Couro”, “Aroeira”, “Acauã”, “Funeral de Excelência”, entre outras. Anos depois, no meu estúdio Capitania do Som, tivemos a oportunidade de gravar alguns músicos, incluindo Alvino com seu violão mágico. Foram experiências incríveis. Trabalhamos juntos na produção do espetáculo do Portal Hanna Belly e na criação do Sindicato dos Músicos de Sergipe.

O Mestre Antônio Alvino Argollo é um excelente compositor em plena atividade profissional, hoje com mais de 70 anos ainda tem muito a contribuir com a música, dedicando-se à pesquisa de obras para violão baseadas no folclore sergipano. Peças como “Cantilena de Banzo” e “Conversa de Matuto” expressam o DNA único do compositor e contribuem para enaltecer o nome da família Argollo. Como se costuma dizer, “Filho de peixe, peixinho é”. Ter uma família de músicos talentosos, dos tons de Dó a Sí, é verdadeiramente um privilégio para qualquer sergipano, a família Argollo é parte da nossa Sergipanidade.

* Neu Fontes, cantor e compositor 

* Matéria publicada originalmente no blog neufontes.com.br