Esquerda, direita, volver

Publicado em 29/03/2022 as 11:16

O processo sucessório estadual entra agora em reta final de composição das chapas majoritárias e vai revelando seus perfis estranhos, confusos, por vezes incoerentes e contraditórios.

Faz parte do atual jogo.

Política com ideologia, compromissos programáticos e fidelidade partidária são práticas que ficaram no passado.

Um velho militante da esquerda e ex-deputado federal do PT - o advogado João Fontes, do PTB - é o candidato a governador do atual líder da extrema-direita nacional, o presidente da república Jair Bolsonaro. Sua vice é Denise Leal, professora da UFS e sua senadora pode ser a ministra de Bolsonaro, a pastora Damares Alves, ambas ilustres conservadoras.

O Senador Alessandro Vieira, eleito pelo Cidadania, em 2018, na onda do bolsonarismo, agora é candidato a governador do estado pelo PSDB, partido da social democracia e liderado pelo governador de São Paulo, João Dórea, um inimigo figadal de Bolsonaro. Seu vice ainda não está definido e sua senadora deve ser a delegada Danielle Garcia (PODEMOS), eleitora do candidato a presidente da república, o ex-juíz Sérgio Moro. Independentemente disso, Danielle é, sem dúvida, a maior revelação política da atualidade em Sergipe.

Fábio Mitidieri, o jovem e intrépido deputado federal do PSD, mantém sua coerência de político centrista e será candidato a governador com o apoio do grupo político liderado pelo atual governador de Sergipe Belivaldo Chagas. Seu vice para somar é o deputado estadual Luciano Bispo, (MDB).

O velho combatente esquerdista Jackson Barreto (PMDB ou PC do B) e o jovem direitista Laercio Oliveira (PP) podem ser seus candidatos a senador. Jackson vota em Lula, Laércio vota em Bolsonaro, mas esses detalhes não têm a menor importância.

Esquerdista histórico, desde os tempos de Deda e Zé Eduardo, o senador Rogério Carvalho (PT) é o candidato dessa turma romântica a governador do estado e pode ter o advogado Henri Clay (PSOL), também esquerdista, como o seu candidato ao senado. O cargo de vice está em aberto. A conservadora senadora Maria do Carmo (UNIÃO) não quis, mas se os irmãos siameses Valmir de Francisquinho (PL) e Eduardo Amorim (desprezado pelo PSDB) se filiarem ao PSB - como deseja o novo socialista paulista, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alkimin, as vagas de vice e senador certamente lhes seriam reservadas. Aqui também não há pudor ou puritanismo. Cada um vale o quanto pesa. Quem contribui mais sobe, quem contribui menos, desce.

As tontas pesquisas de opinião pública que estão sendo jogadas aos ventos por aí mostram que, com a saída de Edvaldo Nogueira do páreo, o senador Rogério Carvalho assume a liderança do ranking seguido de perto pelo deputado Fábio Mitidieri, depois por Alessandro Vieira e João Fontes

Para o senado, a preferência popular é disparadamente favorável à Danielle.

Bem, é isso aí.

A mesa está quase posta: sarapatel de coruja e garrafadas veganas no cardápio…

Senhoras e senhores eleitores, o espetáculo vai começar.

Entrem e sirvam-se à vontade!!!

* Pedro Valadares, jornalista