Lula vai falar sobre combate à fome e crise climática na Assembleia-Geral da ONU

Publicado em 21/09/2024 as 19:20

O presidente Lula vai discursar na próxima terça-feira (24) na abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York (EU). O discurso terá como foco o combate à fome e a crise climática, destacando temas prioritários da agenda brasileira.

O evento reúne anualmente 193 chefes de Estado e de governo de todo o mundo. Lula deve abordar ainda a inclusão social, a transição energética e a reforma da governança global, alinhando sua fala às propostas apresentadas pelo Brasil no G20.


O tema da Assembleia deste ano, proposto pelo presidente da Assembleia-Geral, Philemon Yang, de Camarões, será "Unidade na diversidade para a promoção da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para todos". O presidente Lula discursará logo após as falas do secretário-geral da ONU, António Guterres, e do presidente da Assembleia-Geral.

Roteiro de Lula na ONU

Lula, que chegará aos Estados Unidos neste sábado (21) e retornará ao Brasil na quarta-feira (25), também participará da Cúpula do Futuro, evento que debaterá crises emergentes de segurança, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e as ameaças e oportunidades das tecnologias digitais.

Além disso, o presidente presidirá, ao lado de Pedro Sánchez, presidente do governo da Espanha, uma mesa redonda sobre democracia e extremismos, discutindo temas como a proteção das instituições democráticas e a luta contra a desinformação.

Outro destaque na agenda de Lula será a abertura de uma reunião do G20, que pela primeira vez será realizada na sede das Nações Unidas, com foco na reforma da governança global até 2030. O Brasil, que atualmente ocupa a presidência rotativa do grupo, também apresentará a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, lançada em julho.

Sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, o Brasil deve divulgar uma proposta conjunta com a China, desenvolvida por Celso Amorim. Lula também participará de reuniões com o BRICS, IBAS, e outros blocos de países em desenvolvimento.

A participação de Lula na ONU reforça o papel ativo do Brasil em questões globais, com ênfase no combate à fome, mudanças climáticas, e na defesa da democracia em tempos de crescente desinformação e extremismo.

Temas do discurso

O secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Carlos Márcio Cozendey, informou na última terça-feira (17), em Brasília, os principais temas que o governo brasileiro pretende destacar no discurso de abertura da 79ª Assembleia-Geral da ONU, que será feito pelo presidente Lula.

Durante entrevista coletiva, Cozendey afirmou que o pronunciamento de Lula seguirá a agenda já apresentada pelo Brasil no G20, abordando temas como inclusão social, combate à fome, transição energética e reforma da governança global.

Sobre as queimadas e eventos extremos ocorridos no Brasil, Cozendey disse que o governo brasileiro deve levar para o cenário internacional que é preciso agir rapidamente. “O que vemos no Brasil tem uma relação muito grande com os eventos climáticos extremos, seja uma seca excepcional que está, de certa maneira, relacionada às transformações que têm acontecido”.

Primeiro a discursar

O Brasil é tradicionalmente o primeiro país a discursar na Assembleia-Geral da ONU devido a uma combinação de fatores históricos e protocolares. Desde a criação das Nações Unidas, em 1945, o Brasil assumiu esse papel, e a tradição persiste até hoje.

A origem dessa prática remonta aos primeiros anos da ONU, quando poucos países se voluntariavam para abrir as sessões da Assembleia Geral. O Brasil, sob a liderança do então chanceler Osvaldo Aranha, destacou-se por seu papel diplomático e aceitou a responsabilidade de fazer o primeiro discurso. A partir de então, o país foi associado a essa honra e continuou desempenhando o papel de abrir os debates.

Além disso, o fato de o Brasil ter adotado historicamente uma postura de neutralidade e cooperação nas relações internacionais também contribuiu para consolidar essa tradição, refletindo o papel do país como mediador em discussões globais.

Essa tradição se mantém há décadas, tornando o Brasil o primeiro a se pronunciar nas Assembleias Gerais, logo após o discurso do secretário-geral da ONU e do presidente da Assembleia-Geral da ONU.