Até que mereço!

Publicado em 28/08/2024 as 09:46

Olá, gente boa,

No último sábado, 24 de agosto, minha esposa, Dona Cassia, e eu fomos convidados a participar das comemorações do Dia dos Avós no Colégio Aprendiz, localizado na Aruana, onde nossos netos, Hellen e Luan, estudam. Somos frequentadores assíduos das escolas que nossas filhas e netos frequentam, especialmente minha esposa. Foi através dela que a coordenadora Cau Andrade solicitou minha participação para tocar e cantar uma canção em homenagem a todos os avós. De imediato, Cassia confirmou nossa presença no evento e minha participação musical.

Chegamos acompanhados de nossos netos, nossa fonte de juventude e amor. Fomos calorosamente recebidos pelos professores e pela diretora, e encontramos nossos lugares entre muitos outros avós, todos felizes e emocionados por estarem com seus netos. O evento começou com uma apresentação do grupo de Ginástica Rítmica da escola. Em seguida, a diretora Lidiane Rocha iniciou seu discurso, agradecendo a presença de todos.

De repente, ela começou a ler um texto de uma entrevista que concedi à querida amiga Thais Bezerra, que infelizmente já nos deixou. No texto, falava sobre minhas referências, meus avós e bisavó, minha trajetória na arte, minhas escolhas e minha intransigente defesa da cultura e da arte. Enquanto ouvia aquelas palavras, a emoção tomou conta de mim e de todos os presentes. Vi lágrimas em alguns rostos, e até em mim, escondidas atrás dos óculos escuros. Minha esposa, também emocionada, apertava minha mão, pois nem ela sabia da surpresa. Ao final, a diretora declarou ser uma honra para a escola ter como alunos os netos de alguém que tanto contribuiu para a cultura do estado e que defende com fervor nossa identidade. Então, fui chamado ao palco para receber uma placa, trazida pelos meus dois netos.

Além dessa homenagem, um excelente músico tocava no violino uma das canções que mais amo cantar e que se tornou uma referência para mim durante a pandemia: “Onde Deus possa me ouvir”, do compositor Vander Lee. Estava tão emocionado que foi minha neta Hellen quem disse: “Vovô, está tocando a música que o senhor gosta”, e assim cantamos juntos.

Não sou alguém que busca homenagens, pois muitas vezes sinto que não mereço tanto. O trabalho que fiz e continuo a fazer foi uma escolha minha, e a defesa desse trabalho é minha obrigação. A cultura que escolhi como forma de vida me deu tudo o que tenho, desde os bens materiais até, principalmente, minha família e amigos. Sou um homem feliz e realizado, e foi a cultura que me proporcionou tudo isso. No entanto, essa homenagem me fez perceber que, sim, mereço ser lembrado, mereço ser homenageado, especialmente por pessoas e instituições que não dependem de mim e que fazem da minha luta um exemplo para continuar essa defesa. A solução está na escola; nossa identidade deve ser construída e apresentada nas escolas, como faço em casa com minhas filhas e netos.

Agradeço profundamente ao Colégio Aprendiz e a todos os presentes que me proporcionaram tantas emoções e felicidade. Além de todas essas emoções, ainda pude cantar com meu neto a nossa cultura: “Morena bonita, faceira, dengosa, quer ir mais eu vamos, quer ir mais eu vambora”.

* Neu Fontes, cantor e compositor.
Matéria publicada no blog neufontes.com.br