Shopping tem código para identificar homossexuais e alertar seguranças em PE

Publicado em 17/09/2024 as 21:33

O shopping Tacaruna, localizado em Olinda (PE), possui um código "homossexual" para alertar os seguranças, de acordo com informações reveladas pelo site Marco Zero. O número do código é "30" e está entre os códigos de "achados e perdidos" (29) e “odor de tinta, cola, esgoto, queimado” (31).

O código foi visto por um jovem que não quis ser identificado por motivo de segurança, e que ficou chocado ao saber descobrir a conduta discriminatória.

Na hora que vi o crachá me passaram várias coisas na cabeça e tantos eventos e situações fizeram sentido. A discriminação corriqueira que já havia notado tantas vezes naquele ambiente, comigo e com outros, não se tratava da conduta de algum colaborador específico, mas do próprio protocolo administrativo do shopping. Eles literalmente institucionalizaram a descriminalização em razão da sexualidade”, afirmou ao Marco Zero.

Ele acrescenta que por diversas vezes reparou que ao andar em grupo com "pessoas que apresentavam trejeitos não heteronormativos" pôde notar que os seguranças os encarando e mandando mensagens nos walkie-talkie (dispositivos de comunicação). De acordo com o jovem, esse não é um caso isolado. “Ao conversar com amigos, ouvi relatos parecidos. Mas nunca cheguei a ser abordado diretamente”, disse.

Após descobrir sobre o código, o jovem fez uma denúncia à Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco e à Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE).

A vereadora de Recife Liana Cirne (PT-PE) se pronunciou sobre o caso e afirmou que seu mandato irá oficiar o Shopping Tacaruna para que explique os motivos da utilização desses códigos. A parlamentar ainda chamou atenção para os códigos "Elemento suspeito (2) e "Desinteligência (4), que sugerem ser referir a pessoas negras e autistas, respectivamente.

"É muito grave que utilizemos estruturas racistas e discriminatórias para classificar as pessoas e persegui-las num ambiente que deveria ser, em tese, livre de riscos", disse.