CPI possui provas contundentes contra Bolsonaro e seus aliados, afirma Otto Alencar

Publicado em 14/09/2021 as 22:54

Após se recuperar da reinfecção por covid-19 e voltar à CPI, o senador Otto Alencar (PSD-BA), classifica que a comissão já cumpriu o papel a que se propôs. Segundo o parlamentar, o colegiado decidiu que até o fim das oitivas, nenhuma ponta de investigação deve ficar solta se referindo às empresas VTCLog e Precisa Medicamentos, que estão na mira dos parlamentares. De acordo com Otto, o último a ser ouvido pelo colegiado é o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco. “Ele precisa ser ouvido novamente porque mentiu e omitiu muito”, afirmou.

Élcio Franco é acusado de autorizar e participar das negociações irregulares da compra de doses dos imunizantes contra o novo coronavírus no Ministério da Saúde. Atualmente ele ocupa um cargo como assessor especial da Casa Civil da Presidência. O coronel já compareceu como depoente à CPI, mas os senadores aprovaram, no mês de julho, um requerimento para a sua reconvocação.

O relatório final da CPI está previsto para ser entregue até o próximo dia 24 de setembro. O senador afirma que o documento tem provas “contundentes” que podem incriminar o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados na gestão da pandemia de covid-19. “O relatório contém provas como e-mails, imagens, contra várias pessoas que participaram desse crime”, disse.

“Houve desprezo e desleixo do presidente da República na condução da CPI, banalizaram a vida e fecharam os olhos”, disse. Os senadores não pensam na possibilidade do relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) não ser aprovado porque a Comissão já tem maioria para a aprovação.

Réu confesso

Para ele, o ex-ministro Eduardo Pazuello é réu confesso nos crimes praticados durante a sua gestão no Ministério da Saúde. “Ele disse que não entendia nada e aceitou ser ministro. Isso é crime de responsabilidade”, apontou. “O próprio presidente [Bolsonaro] participou do crime de responsabilidade receitando remédios sem eficácia comprovada contra a doença para o Brasil”, ressaltou.

Para o senador, a relação do Senado com o Governo Federal vai continuar a mesma após os atos do dia Sete de Setembro e com o fim da CPI da Covid. “O Senado tem trabalhado com muita autonomia”, classificou. Na visão do senador, a indicação do ex-ministro da Justiça, André Mendonça, para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), não deve ser aprovada. “Virou dendê”, satirizou.

Ele avaliou que o depoimento do advogado Marcos Tolentino nesta terça-feira (14), acusado de ser sócio oculto da empresa FIB Bank e de ter ligações com o deputado líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), é “uma prova cabal de um empresário que acertou para roubar o estado”. “É a mesma imagem do Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, que ia vender vacinas e não ia entregar. O Tolentino é essa figura folhada d improbidade”, concluiu.

Otto Alencar conta que, apesar de estar recuperado da reeinfecção por covid-19, ficou com algumas sequelas como cefaleia, dores articulares e insônias. “Agora eu preciso tomar remédio para dormir”, disse. O parlamentar foi imunizado com as duas doses da vacina e sempre alertou durante as reuniões da CPI que mesmo vacinado as medidas não farmacológicas contra a doença deveriam continuar sendo seguidas.

*Congresso em Foco