Governo justifica leite condensado e chicletes: 'potencial energético' e 'higiene bucal'

Publicado em 27/01/2021 as 22:10

Mais de um dia após a divulgação pelo portal Metrópoles de que o governo federal gastou mais de R$ 17 milhões em alimentos como leite condensado e chicletes, o Ministério da Defesa divulgou uma nota na tentativa de explicar os gastos.

De acordo com o portal, dados do Ministério da Economia revelam que em 2020 o governo federal gastou R$ 1,8 bilhão em alimentos, valor 20% maior do que o registrado em 2019.

A explicação sobre os valores veio do Ministério da Defesa porque, segundo a Economia, a maior parte das despesas são com a alimentação das tropas das Forças Armadas em atividade.

A lista de compras é longa, diversa e também inclui legumes, verduras, carne, mas também geleia de mocotó, chantilly, batata frita, bacon defumado, etc.

Apesar da série de guloseimas na lista, o Ministério da Defesa diz ser responsável pela promoção da saúde e de uma alimentação nutricionalmente balanceada às Forças Armadas.

"O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao leite [...] De acordo com o IBGE, o brasileiro consome em média 5,6 gramas de doce à base de leite por dia. Por se tratar de um contingente eminentemente jovem, o consumo, eventualmente, pode ser até um pouco superior".

Ao justificar os mais de R$ 2 milhões gastos em chicletes, o ministério diz que a goma de mascar "ajuda na higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada, como também é utilizada para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea".

O Ministério da Defesa (MD) informa que as Forças Armadas devem, por lei, prover alimentação aos militares em atividade. Ao contrário dos civis, os militares não recebem qualquer auxílio alimentação.

O efetivo de militares da ativa é de 370 mil homens e mulheres, que diariamente realizam suas refeições, em 1.600 organizações militares espalhadas por todo o País.

O valor da etapa comum de alimentação, desde 2017, é de R$ 9,00 (nove reais) por dia, por militar. Com esses recursos são adquiridos os gêneros alimentícios necessários para as refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar). Esse valor não é reajustado há três anos.

As Forças Armadas têm a responsabilidade de promover a saúde da tropa por meio de uma alimentação nutricionalmente balanceada, em quantidade e qualidade adequadas, composta por diferentes itens.

O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao leite. Ressalta-se que a conservação do produto é superior à do leite fresco, que demanda armazenamento e transporte protegido de altas temperaturas. De acordo com o IBGE, o brasileiro consome em média 5,6 gramas de doce à base de leite por dia. Por se tratar de um contingente eminentemente jovem, o consumo, eventualmente, pode ser até um pouco superior.

No que se refere a gomas de mascar, o produto ajuda na higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada, como também é utilizado para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea.

Salienta-se ainda que, em 2020, as Forças Armadas mantiveram plenamente suas atividades, uma vez que a defesa do País e a segurança das fronteiras marítima, terrestre e aérea, bem como o treinamento e o preparo, são essenciais e não foram interrompidas. As Operações Covid-19 e Verde Brasil 2 demandaram um enorme esforço das tropas diuturnamente. Só no combate à pandemia, mais de 34 mil militares atuaram diariamente em todo o território nacional.

Em suma, considerando o efetivo das Forças Armadas, é natural que os totais de gêneros, quando somados, apresentem valores compatíveis com sua missão e tarefas.

*Congresso em Foco