Sites e canais bolsonaristas que propagam fake news receberam verbas de empresas estatais

Publicado em 31/05/2020 as 10:31

Um levantamento realizado pelo Globo, com base na Lei de Acesso à Informação, aponta que canais no YouTube e sites que disseminam fake news, pedem o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), além de defenderem intervenção militar, receberam verbas publicitárias de estatais.

Alguns dos proprietários desses canais e sites estão na mira de investigações no STF, que apura a existência de uma rede de divulgação de notícias falsas e de ataques aos ministros da Corte.

‌O levantamento indica que 28.845 anúncios da Petrobras e da Eletrobras foram veiculados nesses canais, entre janeiro de 2017 e julho de 2019, antes e durante o governo de Jair Bolsonaro, de acordo com reportagem de Leandro Prazeres, no blog de O Globo.

A Secretaria de Comunicação (Secom) da presidência aponta que 390.714 anúncios do governo federal foram destinados a 11 sites e canais com as mesmas características, no período entre junho e agosto de 2019. A verba foi usada na campanha sobre a Reforma da Previdência.

‌O Tribunal de Contas da União, na última semana, mandou suspender campanhas do Banco do Brasil em sites de fake news. O banco tinha resolvido bloquear a publicidade ao tomar conhecimento do destinatário, porém mudou de ideia depois de protesto do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente.

‌Entre os blogueiros que receberam verba publicitária da Petrobras e que são investigados pelo STF, segundo o levantamento, estão Allan dos Santos, do canal Terça Livre; Enzo Leonardo Suzi Momenti, do canal Enzuh; e Bernardo Pires Kuster.

‌Todos foram alvos de mandados de busca e apreensão na quarta-feira (27). O Terça Livre veiculou 3.490 anúncios pagos pela Petrobras. O canal de Kuster no YouTube, 3.602 anúncios pagos pela estatal, enquanto o canal de Momenti veiculou 1.192.

A Eletrobras também teve propagandas nos três canais. Foram 536 no de Kuster, 398 no Terça Livre e 273 no de Momenti.


‌*Revista Fórum