PSDB arquiva pedido de expulsão contra Aécio Neves

Publicado em 22/08/2019 as 07:57

A executiva nacional do PSDB decidiu nesta quarta-feira (21) arquivar o pedido de expulsão do deputado federal Aécio Neves (MG). O relatório do deputado Celso Sabino (PA) foi contra a admissibilidade do processo.


Foram analisados no relatório os pedidos de expulsão do diretório municipal (íntegra) e estadual (íntegra) de São Paulo. Há ainda uma representação do PSDB de São Bernardo do Campo (SP).


A decisão foi por ampla maioria. Somente votaram contra o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, o deputado Samuel Moreira, o tesoureiro do partido, Cesar Gontijo, e o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido.

A reunião foi marcada por momentos de gritarias agressivas e aplausos. A deputada federal Bruna Furlan (SP) foi uma das mais efusivas nos gritos.


O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, avalia como encerrados todos os pedidos pela expulsão de Aécio Neves que apresentarem como motivo os processos dele na Justiça.

"Mesmo que chegue qualquer nova representação em relação a esses fatos conhecidos está arquivado porque foram discutidas as duas representações protocoladas no partido", disse.

No entanto, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, afirmou que ainda vai pedir a expulsão de Aécio da sigla.

A expulsão de Aécio foi patrocinada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que quer expurgar os quadros tucanos envolvidos em corrupção para ganhar prestígio eleitoral nas eleições presidenciais de 2022. Sobre isso, o ex-governador mineiro negou que a reunião tenha vencedores e vencidos.

"Claramente com uma percepção eleitoral. O partido simplesmente disse que aqui existem regras e essas regras que vão fortalecer qualquer que seja o candidato do partido . O governador Doria tem qualidades. Obviamente que é um projeto ainda em construção, vai passar substancialmente pelo êxito de sua administração em São Paulo pela qual todos nós torcemos", afirmou Aécio.

Todos os membros da executiva participaram da reunião menos os ex-presidentes do partido Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e Tasso Jereissati, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, a presidente do PSDB Mulher, Yeda Crusius, o presidente do PSDB Diversidade, Edgar de Souza, o 1º secretário do PSDB, Nilson Leitão, e os vogais Geovânia de Sá e Arthur Bisneto.

Apesar do fogo amigo contra Aécio ter se intensificado nos últimos meses, o deputado conta com uma forte rede de aliados tanto na bancada do partido na Câmara quanto em Minas Gerais, sua base eleitoral.

Na véspera da decisão, deputados próximos ao mineiro demonstravam abatimento pela situação do ex-governador de Minas Gerais no PSDB. Para eles, o assunto não era para ser discutido da maneira como tem sido.

Antes de sair do presidência do PSDB em maio deste ano, Geraldo Alckmin criou um conselho de ética no partido que prevê a expulsão de filiados condenados na Justiça.

Um interlocutor de Aécio afirma que para a expulsão acontecer é preciso alterar o código de ética ou esperar o tucano ser condenado na Justiça.

Apesar de não ter sido condenado, o ex-candidato a presidente nas eleições de 2014 foi alvo de pelo menos nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal após ser citado na delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS.

Somente um desses casos evoluiu e transformou o mineiro em réu, que é o que trata do empréstimo de R$ 2 milhões pedido pelo tucano para bancar sua defesa na Lava Jato.

Aécio tem dito a aliados que setores do PSDB promovem uma espécie de Sharia, conjunto de leis islâmicas consideradas excessivamente rigorosas, e que ele quer ser julgado na legenda por algo como o Código Penal Brasileiro.

O ex-ministro da Cidades e ex-deputado federal Bruno Araújo assumiu o comando do partido em maio uma eleição sem concorrentes e apadrinhado pelo governador de São Paulo, João Doria.

O paulista quer promover na sigla uma mudança de postura e expurgar quadros do partido envolvidos em escândalos de corrupção.

*Congresso em Foco