'Carlos Bolsonaro fez macumba psicológica no pai', diz Bebianno

Publicado em 20/02/2019 as 10:27

O agora ex-ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) já começou sua série de declarações depois de ter sido exonerado do posto depois de uma semana inteira de ofensas, desmentidos e suspeitas de fraude eleitoral. Chamado de mentiroso pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho de quem o sobrenome sugere, Bebianno declarou à rádio Jovem Pan que foi demitido pelo parlamentar fluminense e que ele, Carlos, "fez macumba psicológica na cabeça do pai".

"Minha indignação é ter servido como soldado disposto a matar e morrer e, no fim da linha, ser crucificado e tachado de mentiroso, porque Carlos Bolsonaro fez macumba psicológica na cabeça do pai. Eu fui demitido pelo Carlos Bolsonaro. Simples assim", queixou-se Bebianno, coordenador da campanha de Jair Bolsonaro e, como presidente interino do PSL durante o pleito, suspeito de ter capitaneado esquema de desvio do fundo partidário por meio de candidaturas laranjas.

Na entrevista, Bebianno parece querer preservar Bolsonaro e até declara seu "respeito, afeto e amor" pelo presidente, mas diz que ele "comete deslizes" por não ser "perfeito". Já em relação a Carlos Bolsonaro, o ex-ministro não poupa críticas. Diz que ele tem um temperamento agressivo ("Tem agressividade acima do normal") e é reconhecido como "destruidor de reputações" no Rio de Janeiro.

"Tenho certeza de que ele [Carlos] é a pessoa que mais sofre com essa agressividade, esse ódio. A impressão que eu tenho é que ele vive dentro dessa grande caixa de teorias da conspiração contra o pai e sua família. Ele tem que entender que não vamos governar com base no ódio", analisou Bebianno, acrescentando que o vereador "chorou compulsivamente" em seu colo quando soube da facada que o pai tomou em 6 de setembro de 2018, a um mês das eleições.


Desgaste em viva-voz

Como este site mostrou mais cedo, em réplica ao site da revista Veja, mensagens de áudio mostram que Bebianno de fato manteve conversas com o presidente, como vinha sendo negado por ele e seu filho Carlos, sobre a suspeita de fraude eleitoral envolvendo o PSL – e que, noticiada pela Folha de S.Paulo, foi a principal razão da queda de Bebianno. Depois de chamado de mentiroso pelo vereador no Twitter, com aval e retuíte do pai, o ex-aliado não só comenta o assunto com Bolsonaro como lança suspeitas ao presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, responsabilizando-o pelo manuseio do fundo partidário.

O partido é suspeito de criar candidaturas laranjas durante as eleições de 2018, à época sob comando de Bebianno. Segundo a reportagem da Folha, o PSL criou em Pernambuco uma "candidata laranja", nas eleições de 2018, para ter acesso ao dinheiro público do fundo partidário. Ela recebeu R$ 400 mil do PSL durante o pleito. E apenas 274 votos do eleitorado pernambucano.

Em demonstração de lealdade ao presidente, Bebianno tenta tranquilizar Bolsonaro em uma série de 13 mensagens de áudio (escute a íntegra e veja a transcrição abaixo), levadas a público em primeira mão pelo site de Veja. Dizendo que o presidente foi envenenado, como que a acusar Carlos Bolsonaro por tal "envenenamento", o ex-ministro nega participação em desvio de dinheiro público por meio das candidaturas laranjas.