PSL briga com bloco governista por comissões da Câmara

Publicado em 10/02/2019 as 09:05

Deve estar definida até a próxima terça-feira (12) a maior parte do "loteamento" das principais comissões da Câmara dos Deputados, que estão em franca negociação entre os principais partidos após a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Casa, na última sexta (1º/jan). Mas, se a vitória de Maia, um parlamentar alinhado à pauta reformista do presidente Jair Bolsonaro, serviu de alento ao governo, uma queda de braço entre deputados governistas sinaliza que a nova gestão vai enfrentar tempestades na própria base aliada.

Composto por 11 legendas, o bloco que apoiou a eleição de Maia ocupará 15 das 25 comissões permanentes e tem prioridade nas escolhas, mas internamente há uma disputa entre o PSL e as demais siglas. Com 54 deputados já confirmados – e a expectativa de aumentar a bancada com novas filiações –, a legenda de Bolsonaro já tem garantida a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada a mais importante da Casa.

O problema, segundo apuração do Congresso em Foco, é uma aparente discordância sobre o acordo que selou apoio a Maia: desde o dia em que a adesão foi fechada (2 de fevereiro), o PSL afirma também ter reservado a Comissão de Finanças e Tributação (CFT), mas nem todos os parlamentares que participaram das articulações têm clareza a respeito dessa promessa. Pelo menos um partido, o MDB, declara interesse na CFT.

Ambas as comissões são vistas como postos-chave. Pela CCJ passam, obrigatoriamente, quase todos os projetos de lei e propostas de emenda constitucional. Já a CFT avalia, com base em relatórios técnicos, a adequação financeira das projetos que chegarão ao plenário. Os presidentes desses colegiados é que definirão o ritmo de trabalho e as pautas de votação em cada um.

"Esse é o diálogo que houve com o Rodrigo para o PSL apoiar ele: era ter as duas comissões mais importantes da Casa", garantiu à reportagem o líder do partido do governo na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO). Já o líder emedebista, Baleia Rossi (MDB-SP), confirma que a legenda também quer a CFT, embora minimize o clima de disputa. "Essa questão das comissões vai acabar dando um acordo, como tradicionalmente acontece", contemporiza Baleia.