Sob pressão do Congresso e de Braga Netto, Bolsonaro recua e mantêm Mandetta

Publicado em 06/04/2020 as 20:56

Após forte crítica de parlamentares e de militares, o presidente Jair Bolsonaro mudou de ideia e adiou a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, prevista para esta segunda-feira (6).

Depois de protagonizar uma disputa direta contra Mandetta nos últimos dias em razão da divergência entre os dois sobre a necessidade de isolamento social, o presidente teria decidido, segundo assessores ouvidos pelo O Globo, que era hora de tirar o ministro.

‌A exoneração seria publicada em edição extra do Diário Oficial na tarde desta segunda-feira (6) logo após uma reunião com todos os ministros do governo e com o vice-presidente Hamilton Mourão. O DOU foi publicado sem a exoneração.

Segundo o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, do Terça Livre, Mandetta fica. “Mandetta não saiu, teve reunião com o PR e fica como ministro”. A rede CNN Brasil também confirmou a permanência.

‌A notícia da demissão se espalhou e ligou o alerta no Congresso Nacional e na ala militar do governo. Bolsonaro teria sido pressionado por figuras como o ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto – o “presidente operacional” -, e o ministro da Secretaria-Geral, general Luiz Eduardo Ramos.

‌Deputados e senadores de diversos partidos também foram às redes criticar o presidente Jair Bolsonaro e defender o ministro da Saúde logo que saiu a notícia. A queda do ministro foi colocada como o “primeiro capítulo da queda do governo”.

‌Segundo o jornalista Renato Souza, do Correio Braziliense, “se Mandetta caísse, deputados já se articulavam para que pedido de impeachment de Bolsonaro feito pela OAB tivesse andamento na Câmara”. “A regra era de que se o ministro caísse, o presidente iria junto”, tuitou.

O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), teria feito um alerta ao presidente da República de que a queda de Mandetta “não seria bem recebida”, segundo a rede CNN Brasil.

‌*Revista Fórum