Alessandro Vieira diz que é 'muito provável' CPI decretar novas prisões nos próximos depoimentos

Publicado em 02/08/2021 as 19:38

A “segunda temporada” da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura os erros e omissões do governo Bolsonaro no combate à pandemia, a CPI do Genocídio, deve contar com novas cenas de voz de prisão.

Antes do recesso do colegiado, em julho, a única prisão decretada pela CPI havia sido a de Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, acusado de mentir em seu depoimento. Ele é apontado como autor do pedido de propina em contratos de compra de vacinas contra a Covid-19 e está sendo investigado pela Polícia Federal.

A comissão retoma seus trabalhos nesta terça-feira (2) e focará nos esquemas de corrupção que teriam sido montados dentro do Ministério da Saúde. Segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), titular da CPI, os próximos depoimentos devem ser marcado por novas prisões.

“Acredito que os senadores hoje estão mais adaptados às ferramentas que a CPI tem. Essas ferramentas eram vistas com muitas reservas. Hoje, isso já mudou. O presidente Omar Aziz já está muito bem aparelhado. É muito provável que voltemos a ter prisões nos próximos depoimentos. Até porque temos figuras com perfil muito claro de querer mentir ou falsear na CPI”, disse Vieira em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (2).

Corrupção e crimes de Bolsonaro
Segundo o parlamentar, a CPI já adquiriu indicativos de uma “verdadeira quadrilha no Ministério da Saúde”. Ele pondera, contudo, que “a corrupção entra como uma motivação para o cometimento anterior de crime, não como autor, não como grande foco”.

“Os crimes potenciais cometidos por Bolsonaro não se resumem a prevaricação. Vai ter crimes contra a saúde pública no sentido de ter promovido a propagação da pandemia. Quando não adota a conduta de adquirir vacinas e não fazer uma campanha de conscientização com relação à vacinação, isso é crime”, apontou Vieira.

“Vai ter crime de responsabilidade, porque faltou cuidado. E estamos avaliando a possibilidade de crime contra a humanidade para apresentar no Tribunal Penal Internacional”, completou o senador, citando as evidências de que Bolsonaro teria usado o Norte do país como uma espécie de “laboratório” para testar medicamentos sem eficácia contra a doença do coronavírus.

O titular da CPI ainda fez um aceno a um processo de impeachment contra o chefe do Executivo. “A Câmara dos Deputados, quando falarmos em crime de responsabilidade, vai ter que dar sua contribuição”, atestou.

*Revista Fórum