BNDES avalia recuperação judicial, mas continuará negociação com Latam

Publicado em 27/05/2020 as 07:28

O pedido de recuperação judicial apresentado no Estados Unidos pelo grupo Latam não interromperá as negociações do braço brasileiro da companhia aérea com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"O BNDES continua a negociar um apoio à Latam, a partir dos moldes já propostos às três grandes companhias aéreas", informou o banco em nota divulgada nesta terça-feira (26), referindo-se, ainda, à Gol e à Azul, como destacou mais cedo o Congresso em Foco.

Até o final desta tarde, o banco ainda avaliava juridicamente os possíveis impactos da ação nos Estados Unidos para os negócios da empresa no Brasil, o que pode mudar o rumo das conversas em andamento entre as duas partes. O setor aéreo é um dos mais afetados pela pandemia de covid-19.
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Em parceria com instituições financeiras privadas (Itaú, Santander, Banco do Brasil e Bradesco), o BNDES está reservando R$ 6 bilhões para auxiliar na recuperação do setor aéreo, considerado um dos mais prejudicados pela pandemia devido à drástica redução de voos. Essa linha de crédito deverá ser repartida entre as três companhias. Desse total, cerca de R$ 4 bilhões deverão sair diretamente dos cofres do BNDES. O valor fica aquém do defendido pelas empresas, algo em torno de R$ 10 bilhões.

Há pouco mais de uma semana o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, ressaltou que as negociações com as companhias aéreas estavam em andamento e se sustentavam em quatro pilares:
- Foco exclusivamente nas operações brasileiras dessas empresas;
- Recursos utilizados apenas nas operações das companhias aéreas;
- Proibição de uso de recursos para o pagamento de credores financeiros;
- Oferta de condições isonômicas a todas as empresas.
> Crise na Latam pressiona governo em socorro a companhias aéreas
A retomada das discussões com o BNDES após a apresentação do pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos já havia sido defendida pela manhã com o executivo-chefe da Latam, Roberto Alvo.

"Agora que entramos no processo de recuperação judicial vamos falar de novo com o banco para saber as novas possibilidades que o processo vai nos permitir trabalhar", afirmou o executivo. “Estou confiante de que vamos encontrar uma solução", acrescentou. A recuperação judicial protege a empresa da ação de cem mil credores e de uma dívida de US$ 18 bilhões.

No Brasil, a demanda por voos domésticos teve queda de 93,09% em abril, em relação a igual mês do ano passado, de acordo com dados compilados pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Também recuou em 91,35%, na mesma comparação, a oferta de assentos. Esses dois indicadores são os piores resultados mensais da série histórica da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), iniciada em 2000.

A Latam afirma que opera hoje apenas cerca de 5% de sua malha habitual nos 26 países em que atua. Antes da crise, a companhia de origem chilena tinha média de 1.400 voos por dia. A recuperação judicial envolve os braços da Latam nos Estados Unidos, no Chile, no Peru, na Colômbia e no Equador. Ficaram de fora do processo as filiadas da Argentina, do Brasil e do Paraguai.

*Congresso em Foco