Gastronomia junina aquece economia reunindo sabores tradicionais e inovação

Publicado em 24/05/2023 as 09:38

Canjica, pamonha, milho, amendoim, munguzá... Além de fazerem encher a boca d’água e de reunirem os sabores das festas juninas, essas iguarias representam uma grande possibilidade de faturamento. A gastronomia típica estimula a economia em todo o estado, gerando empregos e abrindo espaço para o encontro entre a tradição e a criatividade.

Tanto para quem deseja tirar uma renda extra no período quanto para quem faz da culinária a fonte de seus ganhos durante todo o ano, o mês de junho traz consigo uma alta produtividade. Para quem trabalha no setor, as movimentações começam já no mês de maio. É o caso de Maria de Lourdes Moreira de Jesus Alves, proprietária da Sinhá Lu Bolos Gourmet.

“No mês de maio já se iniciam os pedidos, porque também começam os eventos. Em junho, temos uma data limite para as encomendas, para que possamos dar conta. Normalmente, nossa equipe é de três pessoas, mas para o período junino contratamos quatro ou cinco pessoas. Como não temos ponto físico e usamos a estrutura da minha própria casa, precisamos contratar entregadores”, afirma.

Para Maria de Lourdes, que é funcionária pública, o negócio no ramo alimentício começou por acaso. Em 2019, depois de tantos elogios dos colegas de trabalho, ela resolveu empreender a partir dos bolos que levava para o escritório. “Toda semana eu chegava com receitas novas. A Sinhá Lu começou com o cardápio que foi escolhido por meus colegas”, lembra. Hoje, o bolo de milho com requeijão, antes degustado apenas pela equipe, é o carro-chefe de suas vendas.

O bolo de macaxeira com recheio de banana-da-terra, charque e queijo coalho é mais um sucesso do catálogo de Maria de Lourdes. Com o nome ‘É de Sergipe!’, o prato traz sabores tradicionais apresentados de forma inovadora. “É importante incrementar os produtos, empreender, porque as festas de São João são um período promissor. No meu caso, a gente oferece bolos gourmet, que podem ser personalizados. Dando uma nova roupagem à tradição, você consegue tornar seu produto mais rentável”, garante.

Sabores

Quem se mantém fiel às receitas originais também pode obter bons resultados durante o ciclo junino. Que o diga Raimunda de Oliveira Santos, de 66 anos, proprietária do Delícias da Raimunda. Natural de Pedrinhas, no sul sergipano, ela começou a comercializar quitutes típicos há 12 anos, quando se mudou para Aracaju. Hoje, ela mantém três pontos de venda, dividindo a administração com seus filhos.

A lista de produtos disponíveis todos os dias no Delícias da Raimunda é extensa: mingaus de milho, puba e tapioca; arroz doce; munguzá; beiju molhado; tapioca; saroio; pé de moleque; bobó de camarão; caruru; canjica; pamonha; bolos de milho, puba e macaxeira; milho assado; amendoim... Todos preparados na cozinha de dona Raimunda, que conta com uma equipe de sete pessoas.

“No período de São João, a equipe aumenta de sete para quinze pessoas. Dobra a equipe, dobra o número de pedidos e dobra também o faturamento. E a gente também dobra as encomendas dos ingredientes com os fornecedores... Então, fica todo mundo envolvido. A preparação começa bem antes de junho e continua depois também, entrando em julho. É uma época boa”, relata dona Raimunda.

O filho da comerciante, Raimundo Oliveira, destaca a importância das comidas típicas para o sustento da família. “A gente envolve toda a família, e assina carteira para todos os funcionários. São esses produtos que permitem que a gente se mantenha. Por isso, a gente fornece de domingo a domingo, o ano todo”, enfatiza.

Na outra ponta da cadeia, os consumidores também aguardam ansiosos pela chegada do mês de junho e pelas iguarias que lhe são características. O músico Ginaldo Justiniano dos Santos, por exemplo, provou das Delícias da Raimunda e prometeu repetir a dose. “Festa junina sem comida típica não existe. Por isso, vim à procura do mingau de puba. Gostei demais, vou voltar!”, assegura.

*ASN