Candidaturas ao patrimônio mundial começam a ser avaliadas pela Unesco

Publicado em 23/07/2021 as 07:56

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) começa a avaliar neste sábado (24), na China (o horário do país asiático tem uma diferença de 11 horas em relação ao brasileiro), as candidaturas aos próximos patrimônios mundiais culturais e naturais. O Brasil é representado pelo Sítio Roberto Burle Marx (SRBM), em Barra de Guaratiba, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Cada país só pode apresentar um bem a cada ano.

A 44ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco será realizada na cidade de Fuzhou, na China, após o intervalo de um ano. A reunião será presidida pelo vice-ministro da Educação da China e diretor da Comissão Nacional da China para a Unesco, Tian Xuejun.

O comitê analisará as indicações da lista da Unesco, começando pelas candidaturas que não puderam ser avaliadas no ano passado, devido à pandemia de covid-19. O sítio brasileiro é um desses casos. Ele está na lista ao lado do Observatório Solar de Chankillo e centro cerimonial, no Peru; da Capela Scrovegni de Giotto e os ciclos de afrescos de Pádua do século 14, da Itália; dos Monumentos de Pedra de Cervos e Locais Relacionados, o Coração da Cultura da Idade do Bronze, da Mongólia, entre outros locais culturais.

A decisão sobre o Sítio Burle Max é aguardada para segunda-feira (26). De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que passou a gerir o sítio a partir de 1994, após a morte de Burle Max, a chancela pode garantir ao Brasil o 23º bem na lista de patrimônios mundiais da Unesco. O local sintetiza a obra do paisagista, como um laboratório de experimentações botânicas e paisagísticas.

O 22º bem nacional chancelado como patrimônio mundial misto de cultura e biodiversidade é o conjunto das localidades de Paraty e Ilha Grande, na Costa Verde fluminense.

Compromisso
Para a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, o possível reconhecimento do sítio como patrimônio mundial é "motivo de orgulho para o Iphan e para toda a população, de grande importância para nosso país, pois valoriza o legado desse espaço singular".

O instituto atua desde 1985 na preservação do sítio, quando a propriedade foi doada ao Iphan pelo próprio paisagista. O órgão assumiu a gestão após a morte do paisagista. “Trata-se de uma unidade especial com a missão de preservar, para as futuras gerações, um espaço de aprendizado e de fomento ao conhecimento sobre natureza, paisagismo, arte e botânica", disse a presidente do Iphan.

Sítio
O antigo Sítio Santo Antônio da Bica, adquirido em 1949 por Roberto Burle Marx e seu irmão, Guilherme Siegfried, deu partida ao que hoje constitui o Sítio Burle Marx. O local se destaca pela vegetação nativa, formada principalmente por manguezal, restinga e a Mata Atlântica, preservada pelo Parque Estadual da Pedra Branca. Os irmãos compraram posteriormente outros terrenos que foram anexados ao sítio.

O local sofreu intervenções para ser transformado no laboratório pretendido por Burle Marx. Em 1985, o paisagista doou o local ao governo federal, no intuito de assegurar a continuidade das pesquisas, a disseminação do conhecimento adquirido e o compartilhamento daquele espaço com a sociedade.

O sítio tem área de 407 mil metros quadrados e abriga uma coleção com cerca de 3,5 mil espécies de plantas tropicais e subtropicais. “Estamos trabalhando em um inventário referenciado dessa coleção. É um trabalho longo”, disse à Agência Brasil a diretora do SRBM, Claudia Storino.

Jardins, viveiros de plantas, sete edificações e seis lagos integram o espaço, que oferece ao público também um acervo museológico de mais de 3 mil itens, com coleções de arte cusquenha, pré-colombiana, sacra e popular brasileira, além da coleção de obras do próprio paisagista e artista, que já estão catalogadas e informatizadas em sistema online.

*Revista Fórum