Ministro da Cultura faz acusação contra Roger Waters e defende Bolsonaro

Publicado em 22/10/2018 as 00:15

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, acusou o roqueiro Roger Waters, líder da banda Pink Floyd, de receber R$ 90 milhões para fazer propaganda política disfarçada de show no Brasil. Na mesma mensagem, publicada em sua conta no Twitter, Sérgio também defendeu o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), chamado de “insano” e “corrupto” pelo artista inglês, da denúncia de caixa dois feita pela Folha de S.Paulo.

“Roger Waters recebeu cerca de R$ 90 milhões para fazer campanha eleitoral disfarçada de show ao longo do 2º turno. Na Folha, chamou Bolsonaro de ‘insano’ e ‘corrupto’. Sem provas, claro. Disse aos fãs que não voltará ao Brasil caso ele ganhe. Isso sim é caixa 2 e campanha ilegal!”, escreveu o ministro.

Em entrevista publicada na Folha no fim de semana, Roger Waters criticou o ministro por ter dito que estava de “saco cheio” de shows políticos no país. Em sua turnê no Brasil, o músico aderiu à campanha #EleNão e associou Bolsonaro a líderes fascistas. Com a atitude dividiu o público, entre vaias e aplausos. Para o ídolo do Pink Floyd, Sérgio Sá Leitão deveria abrir mão do cargo por desconhecer o componente político que há na cultura.

“Esse cara está no emprego errado, tem de achar um novo trabalho. Não sei o ele que faz, mas não deveria estar numa posição de poder sobre questões culturais se dá uma declaração dessas. Porque cultura inclui música, e ela pode expressar muito da condição humana. Acho que ele deveria renunciar”, defendeu.

Roger Waters recebe vaias e aplausos ao se posicionar contra Bolsonaro. Veja o vídeo

Bate-boca

Depois do ataque a Roger Waters, o ministro bateu boca com usuários da rede que questionaram suas declarações e voltou a publicar no Twitter.

“Compartilhei fatos sobre Roger Waters e mostrei a hipocrisia dos que, com base em matéria sem provas da Folha, acusam um candidato de caixa 2 e campanha ilegal. Estou sendo atacado de modo grosseiro e vil por quem vive na distopia do Fla x Flu eleitoral. A verdade dói. Em frente!”

“É impressionante a quantidade de pessoas (incluindo políticos, artistas, jornalistas) que não conseguem ter uma dose mínima de educação e respeito em redes sociais. Quando discordam de um post, reagem com grosserias e tentativas de desqualificação. Pq não argumentam? Dá trabalho?”

Projeções durante o show provocaram vaias e aplausos
“Obrigado a você que chamou de fake news meu post sobre Roger Waters. Prova de incoerência. Por muito menos, acusou Bolsonaro de caixa 2 e campanha ilegal. Sem provas. E o que eu disse é verdade: ele recebeu R$ 90 milhões por shows/entrevistas; e está em campanha contra Bolsonaro.”

O correspondente esportivo inglês Tim Vickery questionou o ministro na caixa de comentários: "Sérgio, que diabos aconteceu com você?". “Sou o mesmo de sempre. Independente, íntegro e racional. As informações do post são verdadeiras. 1) Ele ganhou R$ 90 milhões para fazer shows/entrevistas no Brasil. 2) Ele está fazendo campanha contínua contra um candidato em shows/entrevistas, interferindo no processo eleitoral”, respondeu.

Emprego novo

Um leitor escreveu que Sérgio já havia começado campanha a favor da censura para garantir novo emprego em um eventual governo Bolsonaro. “Fale por você, Alberto. Não projete em mim seus valores e aspirações. ‘Campanha pela censura’? ‘Garantir novo emprego para quando sair do MinC’? Você pode achar estranho. Mas sou íntegro e independente. Não preciso de emprego. E sou contra censura. Tanto que não sou de esquerda”, retrucou.

O ministro disse que sabia de “fonte segura” que Roger Waters recebeu US$ 3 milhões por show no Brasil apenas em cachê, fora a participação nas receitas das apresentações. Mas não apresentou provas de que o valor estava associado a uma campanha política.

“Roger Waters recebeu milhões de uma empresa brasileira e está fazendo campanha eleitoral a favor de um candidato, em oito shows e em entrevistas, procurando interferir no processo das eleições. Por muito menos (e sem provas), Bolsonaro foi acusado de caixa 2 e campanha ilegal”, escreveu. “US$ 3 milhões por show. Apenas de cachê. Sem contar a participação nas receitas.”

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Sérgio Sá Leitão assumiu o Ministério da Cultura em julho do ano passado. Entre 2003 e 2006 ele foi chefe de gabinete do então ministro da Cultura, Gilberto Gil, e secretário de Polícias Culturais da pasta. Também foi diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e presidente da RioFilme na gestão do então prefeito do Rio, Eduardo Paes.