Quem é essa mulher que vive em Lille?

Por: Regiane Legras

Publicado em 18/12/2017 as 15:08

Lille é um grande pólo industrial, com comércio, serviços e um grande número de estudantes.  Apesar da nossa “Londres da França” ser conhecida pela suas baixas temperaturas, ela é uma cidade imensamente acolhedora. E como dizem no Brasil “mão fria mas coração quente”!

Para falar das mulheres de Lille, vamos analisar as mulheres da história francesa. Uma delas é Joana D’arc, heroína francesa a outra uma santa da igreja católica. Santa Teresa foi rapidamente conhecida e venerada pelo mundo, pela santidade que vivia e não por grandes sacrifícios; mas por pequenos atos de amor na sua vida cotidiana. Simone Veil, ministra da saúde francesa, aprovou em 1974 um projeto de lei de descriminalizou a interrupção voluntária da gravidez da França.

Pela história dessas grandes mulheres, a mulher francesa conseguiu, ao meu ver, se tornar igualitária ao seu direito e espaço. Na vida social a mulher francesa pode estar em qualquer círculo: bebendo com homens, almoçando com a amiga, curtindo seu momento, e cabe a elas qualquer ambiente. O respeito à mulher é sempre visto a olho nu.

 

No local onde moro, é possível perceber que as responsabilidades da casa são divididas entre homens e mulheres. A França do norte nos demonstra valores que algumas vezes deixamos passar despercebidos, como a importância da família, do diálogo, etc. No inverno quando as temperaturas estão baixas, neve e escuridão de manhã, é possível perceber os pais se revezando para levar os filhos à escola. Eu moro próximo a uma escola e vejo como eles participam deste momento. É possível perceber que o filho não é total responsabilidade da mãe e sim compartilhada em todos os sentidos educacionais: saúde, amizade, responsabilidades financeiras.  Os pais e as mães participam das reuniões escolares, no mercado, nas compras nos centros comerciais …  Nas ruas é fácil encontrar os pais cuidando dos filhos e oferecendo a alimentação. Antes eu olhava admirada esse cuidado, entretanto um pai francês explicou-me que este é o modo certo!!

O âmbito social é exatamente onde a mulher francesa quer estar. Elas tem espaço no centro da cidade, onde os barzinhos  “fervem” e as mesas são colocadas para fora dos estabelecimentos. Nestes locais homens e mulheres compartilham as bebidas assim como a roda de conversa.  A mulher francesa é independente e ela pode e deve estar onde quiser e pode, isso sim, com a liberdade de ir e vir!

No mercado de trabalho nas empresas multinacionais encontramos homens e mulheres bem sucedidos com grande e vasta experiência. Como exemplo, posso citar o meu marido, que tem como chefe, uma mulher e todos têm um grande respeito por ela.  Neste momento ela está no período de licença maternidade e as férias são respeitas, sem grande comentários.

A convivência cultural observamos como o nosso redor é diferente as lojas com gerentes, supervisoras, independente do sexo eles preocupam-se com profissionalismo; homens fazem trabalho de mulher e vice versa, tudo com muita dignidade e conhecimento.

Vendo o modo de vidas delas e comparando com os nossos, temos grandes diferenças, mas gostaria de destacar que não tem modo certo ou errado, somente diferenças culturais. Somos sem dúvidas mais fraternos, emocionais, sentimentais mas isso não nos faz mais ou menos, e sim apenas diferentes;

Em virtude do planejamento de ensino ser bem rigoroso e participativo pela comunidade, família e o Estado, observamos a grande oportunidade de crescimento e respeito à mulher através da educação. A França tem um sistema muito rígido e com graves punições. Para crianças abaixo de 16 anos, a vida escolar é obrigatória, com poucas justificativas de ausência mesmo para estrangeiros escola é obrigatória sendo realmente um dever do Estado.

As diferenças culturais estão em todo nosso cotidiano como “estrangeiras” e por isso temos a oportunidade de agregar ou não tais diferenças,  depende de cada um mas observamos nos franceses  desde sempre o respeito, a minimização dos problemas, e a preservação da individualidade!

Em uma época onde estamos sempre batalhando para a igualdade social é bom saber que em alguns lugares já existe, principalmente nos fortalecem a acreditar em um futuro melhor não tão distante.

Eu sempre digo que podemos ser rochas mas quando nos é necessário, há momentos sentimentais. O que mais aprendo a cada dia é que temos oportunidade de ser o que quisermos e depende de nós mesmas, que podemos ser felizes, independente de como, quando ou com quem. Temos oportunidade de lutar pelo que almejamos sim, pois somos muito guerreiras por desbravar esse mundo diante das diferenças; não é fácil mas conseguimos.

Que possamos ter sabedoria de nos reinventarmos sempre que quisermos, humildade de aprendermos e a alegria de vivermos, essa, que como boa brasileira todas nós temos !!

 



Regiane Legras

Regiane Legras- formação em Enfermagem, Pedagogia e Didática de ensino superior. Mora com a família em Lille, na França. Escreve no Blog Brasileiras pelo Mundo.