Alemanha: fascistas do AfD levam virada da centro-esquerda, que vence em Brandemburgo

Publicado em 24/09/2024 as 17:25

De BERLIM | O chanceler alemão Olaf Scholz, que enfrenta uma crise de popularidade e já vê sua candidatura à reeleição em 2025 ser questionada por aliados, respira um pouco mais aliviado. Seu partido, o SPD (Partido Social-Democrata), conseguiu uma recuperação surpreendente e impediu a vitória do AfD (Alternativa para a Alemanha), legenda associada ao neonazismo, no estado de Brandemburgo, no leste da Alemanha.

A população de Brandemburgo foi às urnas neste domingo (22) para a eleição regional que definiu seu parlamento estadual e ministro-presidente (equivalente ao cargo de governador). Segundo o balanço oficial da autoridade eleitoral, o SPD, de centro-esquerda, obteve 30,9% dos votos, superando os 29,2% do AfD. Durante a campanha, o partido de extrema-direita liderava as pesquisas, mas o SPD apresentou forte crescimento nas sondagens feitas na reta final.

O novo partido de esquerda populista Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) obteve 13,5%, superando a União Democrata Cristã (CDU), sigla da ex-chanceler Angela Merkel, que ficou com 12,1%. Já o partido Os Verdes (Die Grüne) alcançou 4,1%, enquanto A Esquerda (Die Linke) registrou 3% dos votos.

Dietmar Woidke reeleito
Brandemburgo é considerado um dos últimos bastiões dos sociais-democratas alemães em meio ao crescimento da extrema-direita. O SPD governa o estado desde a queda do Muro de Berlim, em 1989, e Dietmar Woidke ocupa o cargo de governador desde 2013.

Com a vitória de seu partido, Woidke garantiu a reeleição para mais um mandato. Nas últimas semanas de campanha, o político procurou desassociar sua imagem da do chanceler Olaf Scholz, que enfrenta uma forte crise de popularidade — fator que pode ter influenciado a virada contra o AfD.

Em entrevistas recentes, Woidke adotou uma postura de tudo ou nada, afirmando que, se o SPD não vencesse, ele deixaria o posto de líder do partido no estado e renunciaria ao seu cargo no parlamento.

Agora reeleito, o SPD deve iniciar conversas com os partidos BSW e CDU para formar o governo de Brandemburgo. Qualquer aliança com o AfD está totalmente descartada.

Woidke comemorou a vitória, mas alertou sobre a necessidade de "colocar freios" à euforia, devido ao forte apoio à extrema-direita, especialmente entre os eleitores mais jovens. Ele destacou que, apesar do resultado positivo, é essencial que o partido aprenda com as eleições e se aproxime mais das pessoas: “Especialmente no que diz respeito ao nível federal, há muito a ser feito nos próximos meses e anos”.

Pequeno alívio para Scholz
A vitória do SPD em Brandemburgo traz um alívio momentâneo para Olaf Scholz, que viu seu partido ser derrotado pela extrema-direita em outras regiões recentemente — como Turíngia e Saxônia — em parte devido à associação de seu nome, em baixa popularidade, à legenda. Potsdam, capital de Brandemburgo, é o berço político de Scholz.