Fachin diz que eleição só será subvertida se for removido do cargo: ‘Joelhos dobrados, jamais’

Publicado em 14/05/2022 as 16:11

O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), voltou a fazer declaração enfática em defesa do processo eleitoral em meio aos constantes ataques de Jair Bolsonaro (PL), que tenta desacreditar as urnas e a apuração, temendo uma derrota no próximo pleito e ensaiando um golpe.

Segundo Fachin, o sistema eleitoral só será subvertido se ele for "removido" do cargo de presidente do TSE. "A nenhuma instituição ou autoridade a Constituição permite poderes que são exclusivos da Justiça Eleitoral. Não permitiremos a subversão do processo eleitoral --e digo, para que não tenham dúvida, para remover a Justiça Eleitoral de suas funções terão que antes remover este presidente da sua presidência. Diálogo sim, joelhos dobrados, jamais", declarou durante Congresso Brasileiro de Magistrados, nesta sexta-feira (13).

Na quinta-feira (12), após uma das declarações de tom mais golpista proferidas por Bolsonaro, sugerindo que as Forças Armadas agirão para garantir as eleições aos seus moldes, Fachin já havia dado resposta.

"A Justiça Eleitoral está aberta a ouvir, mas jamais está aberta a se dobrar a quem quer que seja (que pretenda) tomar as rédeas do processo eleitoral. Além disso, a contribuição (dos militares) que se pode fazer é de acompanhamento do processo eleitoral. Quem trata de eleição são forças desarmadas, e, portanto, as eleições dizem respeito à população civil, que de maneira livre e consciente escolhe seus representantes", disse.

Fala golpista: "Quero todos armados"

Com falas e gritos cada vez mais raivosos e radicais, Bolsonaro, durante passagem por Maringá (PR) na quarta-feira (11), atacou de maneira ainda mais direta o processo eleitoral brasileiro, afirmando que “todos sabem o que está em jogo, que seu governo não aceita provocações e que nós não temos eleições com resultados limpos”.

“Nós sabemos o que está em jogo. Todos sabem o que o governo federal defende: defende a paz, a democracia e a liberdade. Um governo que não aceita provocações, um governo que sabe da sua responsabilidade para com o seu povo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas. Nós não tememos resultados de eleições limpos. Nós queremos eleições transparentes, com a grande maioria, ou diria a totalidade do seu povo”, discursou.

Minutos depois, no mesmo pronunciamento, ocorrido no Parque de Exposições de Maringá, durante a feira Expoingá, Bolsonaro retomou um dos temas que mais gosta de usar para incitar a violência política no país: o armamento de civis. Ele instigou os “cidadãos de bem” a estarem cada vez mais armados para que “resistam a um ditador de plantão”, ainda que a alegação pareça um tremendo absurdo, já que o único candidato que tenta se perpetuar no poder e que pretende desrespeitar as urnas é ele próprio.

“Somente os ditadores temem o povo armado. Eu quero que todo cidadão de bem possua sua arma de fogo para resistir, se for o caso, à tentação de um ditador de plantão”, disse.

*Revista Fórum