Carnaval: Sapucaí vai obrigar 'passaporte da vacina' para foliões e trabalhadores

Publicado em 06/12/2021 as 15:26

O Cancelamento das festas de Réveillon em todo o Brasil acendeu o sinal amarelo para a celebração mais popular do Brasil: o Carnaval.

Com o surgimento da variante Ômicron, que levou vários países do continente africano e da Europa a retomarem medidas mais drásticas de isolamento, a viabilidade do Carnaval entrou em questão.

Porém, com o objetivo de que as celebrações carnavalescas aconteçam, as escolas de samba, que estão com frisas e camarotes esgotados e metade dos ingressos para as arquibancadas da Sapucaí vendidas anunciaram medidas sanitárias que serão obrigadas aos foliões, trabalhadores e para quem vai desfilar.

Todas as pessoas que vão desfilar, assistir aos desfiles ou trabalhar nas escolas terão de apresentar o passaporte vacinal, e o público será obrigado a usar máscara.

O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro, declarou ao O Globo que o ritmo de trabalho das escolas não muda e que elas estão sendo notificadas sobre as regras sanitárias.

“É um evento fechado e particular. Todos que entrarem na Sapucaí vão estar vacinados. Isso vale, inclusive, para os componentes. Ao pegarem as fantasias, eles terão que mostrar o seu atestado de vacinação, se não, não vão desfilar. Estamos pedindo que essa medida também seja tomada nas quadras em todos os ensaios até o carnaval. Com isso, a gente quer dar tranquilidade aos que vão participar do espetáculo, assim como colaborar com aqueles que lá estarão para garantir sua segurança”, disse Perlingeiro.

Sapucaí adota modelo da F1 para controlar acesso
Para garantir que as cerca de 70 mil pessoas que devem ir à Sapucaí para assistir aos desfiles, a Liesa vai adotar o modelo de controle sanitário utilizado pelo Grande Prêmio de Fórmula I em São Paulo.

No evento automotivo, os participantes tiveram de se cadastrar em uma plataforma desenvolvida pela startup franco-brasileira Mooh!Tech.

Carnaval de rua
Se as festas de carnaval realizadas em ambientes fechados permitem a aplicação de métodos sanitários de controle, o mesmo não se pode dizer dos blocos de rua. Essa é a preocupação de João Gabbardo, coordenador executivo do Comitê Científico de São Paulo.

Em entrevista à CNN, Gabbardo afirmou que ainda é cedo para se tomar uma decisão sobre o carnaval, mas, reconhece que os blocos de ruas são um problema.

“Os problemas são os blocos de rua. Não temos como saber se [as pessoas] estão vacinadas ou não, é uma aglomeração imensa, um cenário quase impossível de controlar”, analisou Gabbardo.

Sobre os desfiles das escolas de samba no Sambódromo, Gabbardo anunciou medidas semelhantes às que serão tomadas no Rio de Janeiro.

“Nos desfiles das escolas de samba, o ambiente é relativamente controlado, podemos exigir vacinação para quem quiser assistir o Carnaval. A gente pode manter a máscara. Só vacinados desfilarem e com PCR negativo”, disse Gabbardo.

Carnaval na Bahia
Outro estado muito procurado no Carnaval e que tem também possui grande concentração de blocos de rua é a Bahia. No estado, nenhuma decisão ainda foi tomada.

Em entrevista ao G1, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), declarou que não vai aceitar pressão de empresários ou ultimato de “quem quer que seja”.

Todavia, o Costa ponderou que ainda é cedo para decidir sobre o Carnaval e que, assim como outros prefeitos e governadores declararam, vai esperar um pouco mais para ver como a variante Ômicron vai se comportar no Brasil.

“Se eu anunciar hoje: ‘terá carnaval’. E em dezembro os casos [de Covid] explodem, eu vou ter que cancelar. Aí, vou receber várias críticas, e o estado será processado por milhares de pessoas dizendo: ‘o governador anunciou que ia ter carnaval, eu fiz contratos e eu quero a indenização pelo meu prejuízo’. Do mesmo jeito que, se eu anunciar: ‘não vai ter carnaval’, e lá pra dezembro os números caírem de forma drástica… Por que não fazer o carnaval? Nós podemos fazer, mas depende de os números darem segurança para a gente tomar a decisão”, disse Costa.

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), disse que aguarda um posicionamento definitivo do governador Rui Costa para tomar uma decisão em conjunto.

Carnaval em Pernambuco
Outro destino muito procurado para o feriado do Carnaval é o estado de Pernambuco.

Durante coletiva, o secretário estadual de Saúde, André Longo, revelou preocupação, mas também adotou postura similar a dos outros governos sobre a realização ou não dos festejos carnavalescos.

“Estamos discutindo cenários para esses eventos, mas é certo que neste momento ainda é cedo para tomarmos decisões acerca desses eventos, especialmente o carnaval, que se realiza de forma concomitante, neste ano [2022], no final de fevereiro, com nosso período de maior sazonalidade de ocorrência de doenças respiratórias”, disse Longo.

No entanto, o secretário estadual de Saúde liberou os municípios para realizarem os seus planejamentos para o Carnaval.

“Esses eventos, na maioria, são promovidos pelos municípios. O governo do estado entra com apoio de recursos financeiros e segurança pública. Os municípios podem fazer seus planejamentos, mas a definição quanto a isso vai levar em conta as condições sanitárias e a segurança sanitária que não traga prejuízos às vidas de pernambucanos e pernambucanas. Esse sempre foi o norte principal do nosso comitê de enfrentamento à Covid-19”, declarou o secretário de Saúde de Pernambuco.

*Revista Fórum