Pesquisadores da USP produzem e isolam coronavírus em laboratório

Publicado em 07/03/2020 as 09:54

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) isolaram e cultivaram o vírus SARS-Cov2, conhecido como coronavírus. O material foi obtido dos dois primeiros brasileiros diagnosticados com a doença, internados no Hospital Israelita Albert Einstein.

O vírus será distribuído por laboratórios e grupos de pesquisa ao redor do país para otimizar os estudos sobre a doença. “A disponibilização de amostras desse vírus cultivados em células permitirá aos laboratórios clínicos terem controles positivos para validar os testes de diagnóstico, de modo a assegurar que realmente funcionem”, disse à Edison Luiz Durigo, professor do ICB-USP e coordenador do projeto.

‌Segundo ele, essas amostras ajudam no diagnóstico da doença porque servem para a aplicação de testes. Até agora, as amostras usadas foram importadas da Europa e dos Estados Unidos, a um custo que varia entre R$ 12 mil e R$ 14 mil.

Na rede pública, apenas quatro organizações já realizam o teste: Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo; Instituto Evandro Chagas, no Pará; Fiocruz, no Rio de Janeiro; e Laboratório Central de Goiás.

“Os vírus que conseguimos cultivar em laboratório poderão ser usados em um kit para diagnóstico que o Ministério da Saúde distribuirá para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública [Lacens] em todo o país. Com isso, todos os estados estarão aptos a realizar o diagnóstico”, disse Durigon à Agência FAPESP.

Segundo o pesquisador, o frete da importação encarece porque o transporte precisa ser feito em gelo seco.

‌Durigon afirma que com a tecnologia é possível “fazer o diagnóstico em até quatro horas. Mas ainda são poucos os laboratórios no país que têm o equipamento disponível”. Por isso, os pesquisadores também pretendem desenvolver outros testes de diagnóstico, com tecnologias mais acessíveis.

*Revista Fórum