Haddad vira principal alvo de ataques em seu primeiro debate

Publicado em 21/09/2018 as 11:54


Sem a presença de Jair Bolsonaro (PSL), o candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, foi o principal alvo do debate promovido na noite dessa quinta-feira (20) pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na TV Aparecida. Haddad foi chamado de “representante do caos” por Alvaro Dias (Podemos) e “candidato de porta de cadeia” por Geraldo Alckmin (PSDB).

Em seu primeiro debate como candidato ao Palácio do Planalto, Haddad também foi questionado sobre denúncias de corrupção envolvendo petistas e a crise econômica iniciada no governo Dilma Rousseff. Depois de assumir a cabeça da chapa no último dia 11, o ex-prefeito de São Paulo aparece na segunda colocação nos levantamentos divulgados nesta semana, atrás apenas de Bolsonaro.

Estagnado nas pesquisas, Alckmin assumiu o papel de franco-atirador. Acusou os governos do PT de “quebrarem” o país, de serem os responsáveis por 13 milhões de desempregados e de patrocinarem “o maior escândalo do mundo”, o petrolão. “Quem escolheu o Temer foi o PT. Ele era vice da Dilma. Aliás, reincidentes, porque escolheram o Temer duas vezes”, atacou o tucano.

Haddad retrucou: “Quem se uniu ao Temer para trair a Dilma foi o PSDB. Ele que colocou o Temer com um programa totalmente contrário ao que foi aprovado nas urnas. Tasso Jereissati assumiu que o PSDB sabotou o governo desde a reeleição”. O petista disse que, se for eleito, vai revogar a reforma trabalhista e o teto de gastos públicos. “Não precisaria a PEC do teto se não fosse o vale-tudo do PT”, rebateu Alckmin.

Autocrítica

O petista lembrou a autocrítica feita pelo ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati de que o partido cometeu uma série de erros nos últimos anos – o maior deles, segundo o senador cearense, apoiar o governo Temer. “Todos os partidos estão fragilizados e todos deveriam fazer autocrítica. Mas o PT, em vez de fazer autocrítica, lança candidatura na porta de cadeia”, afirmou Alckmin.

Alvaro Dias acusou o PT de distribuir a “pobreza para todos e a riqueza para alguns”. “Primeiramente, Haddad, dizer que você vem para essa campanha como o porta-voz da tragédia. O representante do caos. O PT se transformou na filosofia do fracasso, na crença à ignorância, o arauto da ignorância. E se especializou em distribuir a pobreza para todos e a riqueza para alguns de seus líderes”, disparou. “Você fica no Senado, no seu gabinete, e parece desconhecer a realidade”, respondeu o petista, ao defender programas sociais criados pelo ex-presidente Lula como o Bolsa Família.

Ciro Gomes acusou PT e PSDB de fazerem um pacto pelo poder e de impedirem a aprovação das reformas necessárias para o país. "A pretexto de superar a fragmentação partidária, nós estamos permitindo ciclo após ciclo, e assim foi com o PSDB e com o PT, e o resultado foi desastroso para o país, que a cooptação de deputados se faça pelo suborno, pelo aliciamento, pela fisiologia, pelo clientelismo que coopta e ocupa os cargos públicos.

“Posto Ipiranga”

Internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se recupera de uma facada, Bolsonaro também foi alvo do debate. Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB) criticaram a proposta discutida pela assessoria econômica do candidato de recriar um tributo nos moldes da CPMF para taxar transações financeiras.

“Já no começo da história [entre Bolsonaro e Guedes] eu vejo que está tendo um incêndio no posto Ipiranga. Alguma coisa está acontecendo porque eles não estão se entendendo. Essa proposta é nefasta para economia e para os mais pobres”, disse Marina Silva. Meirelles reforçou a crítica à medida. “A CPMF é um exemplo do que não pode ser feito. É o resultado de alguém que não tem preparo para administrar o país. Isso é perigoso, é grave e a população tem que ser alertada sobre isso. Não podemos aumentar ainda mais a carga tributária para os brasileiros.”

Big Brother

O candidato do Psol, Guilherme Boulos, defendeu medidas para reduzir a desigualdade social no país. Segundo ele, é preciso “refundar” a democracia no Brasil e dar ao povo o direito de ser ouvido e de decidir os rumos do país.

“A democracia brasileira não pode ser como aquele programa da televisão do Big Brother, onde as pessoas decidem quem fica na casa, quem sai da casa, mas não decidem o que acontece dentro da casa. Está na hora de o povo brasileiro decidir o que acontece dentro da casa com plebiscito, com referendos, com participação popular, conselhos, ouvindo os movimentos sociais e ouvindo a população. Essa é a governabilidade", afirmou.

O debate da TV Aparecida foi mediado pela jornalista Joyce Ribeiro.